quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Manifestações Presentes das Visões Recentes

O fenômeno evolutivo arrasta a todos nós de forma sutil e discreta. Dos Napoleões aos mais comuns. É imperceptível em seus pormenores, sempre encoberto por uma miríade de fatos. Por estar além das finalidades e aquém dos axiomas humanos, engloba-os com maestria e humildade, conduzindo a humanidade para objetivos sempre mais altos, livrando-se de suas formas mentais mais miseráveis e ineficientes. Assim constrói-se o edifício do espírito em cada ser humano - que se manifesta externamente de forma lenta e segura, afirmando cada vez mais um universo infinito, além do tempo e do espaço. Atitudes internas se plasmam em atos externos cada vez mais seguros, vetorizados e inteligentes, de forma a despertar número crescente de pessoas. 

Ubaldi sempre falou do porvir em sua Obra. Grandes Mensagens, iniciada no Natal de 1931, foi a primeira revelação. Textos altamente inspirados que atraíram a atenção de especialistas de todos ramos ao redor do mundo. Da sociedade teosófica aos cientistas; dos religiosos aos espiritas; dos artistas aos estadistas; de norte a sul. Inúmero pontos do mundo abriram os olhos, a mente e o coração para o que um modesto professor de liceu da Umbria estava produzindo. Eram mensagens altamente inspiradas, que só poderiam ter origem numa fonte super-humana, em outro plano evolutivo. Isso diziam dezenas de especialistas no tema. E para aqueles que não colocavam o pé no universo do espírito e da intuição, se aferrando à segurança da matéria e da lógica humana, os textos não deixavam de inspirar e fazer renascer aquela utopia que brota nas almas das crianças nos primeiros anos da vida.

Esse diagrama demonstra o caráter oscilante,
cíclico e ascendente da evolução da
substância. Cada camada se relaciona a uma
dimensão evolutiva.
Foram necessários mais de vinte anos de preparo para se chegar a tal grau de maturação evolutiva. Muitos creem que se trata de um treino sistemático da mente, através de alta erudição, estudo dos ramos da ciência, das religiões, das filosofias. Vias infindáveis que levam ao dédalo da análise, aos píncaros da especialização, ao empirismo dos sentidos, à lógica racional. No entanto todas essas externalidades do intelecto e dos sentidos eram apenas ferramentas úteis para o autor conseguir transcrever alguns conceitos místicos de forma aceitável pelo mundo hodierno, calcado na ciência e no utilitarismo. 

Desde que se formou em Direito, em 1911, Ubaldi buscou desordenadamente resolver o problema do conhecimento: o porquê da vida, da evolução, a fenomenologia dos milagres, o além e aquém-vida, a lei suprema que engloba todas leis, do físico passando ao biológico, depois pelo humano e para o espírito e além deste. Já um jovem muito culto (falava 5 idiomas, tocava piano, conhecia literatura, e com título universitário), fisicamente saudável e mentalmente talentoso (além de riquíssimo), seus pais decidiram que ele deveria se casar. Foi o que obedientemente fez. Teve três filhos, dois dos quais morreram cedo (um na guerra e outra na infância). Agnese acompanhou-o até o fim de sua vida terrena.

Mas o que muitos apontam como o zênite da vida, outros nada vêem a não ser uma âncora pesada que os prende ao plano humano, que pode na melhor das hipóteses ser uma ferramenta para ascensão. Foi isso que o jovem de Foligno sentiu ao iniciar sua vida adulta. Restava a ele gozar a vida e cuidar da administração de suas 12 fazendas e fortunas. Toda lógica do mundo demandava isso. Família, sociedade, instituições, normas civis e sociais. Mas seu espírito estava inquieto e infeliz. Não conheço pormenores de sua vida, mas através do mergulho em sua obra sinto que esses anos foram de intenso sofrimento. Não à toa ele define o segundo quarto da sua vida (dos 25 aos 45 anos) como o período de dores e maturação interior*. Viver uma vida que arrasta sua alma para um ponto diametralmente oposto ao qual ela deseja estar é sofrer imensamente. Para sair dessa situação deve-se vencer a realidade circunjacente, fazendo uso de toda sua força interior (fé) para forjar, ao longo de anos e anos de sofrimento intenso, que se apresenta das mais variadas formas e níveis. Forjar a alma. Ser queimado espiritualmente, e ter o martelo da vida batendo incessantemente na alma, alterando não apenas o ser humano mas despertando sua natureza mais íntima, fazendo-o ver claramente o que ele tanto deseja ver. Vinte anos...

Ubaldi nos primeiros anos de vida. Na
sua fase material, ainda não era clara a
sua missão. Mas tudo estava sendo
elaborado minuciosamente.
Foi assim que Ubaldi começou a se preparar para a sua grande missão: trazer ao mundo os conceitos mais elevados já captados por alguma antena humana. O sofrimento em si não traz evolução, ele percebeu. Mas fazer uso das dores para despertar qualidades adormecidas é a maior arma para combater um mundo mergulhado em ilusão. É preciso ter estofo espiritual para seguir tal caminho. As construções elaboradas pelo ser são abstratas para o mundo. Imperceptíveis e portanto insignificantes. Foi assim que o mundo, ao perceber o caminho que o jovem da Umbria estava tomando, começou a estranhá-lo. Antes era visto como um esperto, que estava fazendo cena apenas para parecer alguém bom e assim ganhar uma posição na sociedade. Conseguir fama. E muitos astutos, invejosos, sondavam para perceber qual era o plano. Não encontrando nada além de sinceridade, formaram a imagem de um louco, um imbecil, que merecia ser escamoteado pelo meio. Rejeições e escárnios do mundo externo - choques apocalípticos interiores. Tratava-se de um ser culto, sensível e sincero. 

O clímax de sua ascensão ocorre em 1927, quando decide abdicar de sua herança por direito. Abandona tudo sem jamais ter voltado atrás na decisão. De forma convicta e sincera, se lança numa trajetória por ele próprio desconhecida. Mas não via sentido nas leis e convenções humanas quando elas não estivessem de acordo com um sentimento interior - de uma lei maior. Decidira viver de seu próprio trabalho. Ganharia o sustento como as pessoas o fazem. 

Em vias de empobrecimento, visto como um inerme por muitos membros próximos, decide prestar concurso para professor ginasial. Passa em primeiro lugar e logo se vê transferido para Módica, Sicília, onde fica um ano. É na solitária e simples vila do sul da Itália que esse ser, preenchido dores e vetorizado para o alto, começa a captar intuitivamente mensagens do mais alto grau. A primeira manifestação é a palavra dirigida ao coração, para os homens de boa vontade, que não precisam da erudição da ciência para crer. Assim nasce Grandes Mensagens

Em Gúbio, transcrevendo A Grande Síntese.
Em 1932 Ubaldi consegue se transferir para uma escola de Gubio, mais próxima de sua família. Nas férias escolares desse ano ele começa a receber A Grande Síntese de uma entidade que se auto intitula Sua Voz. Em quatro verões, de 1932 a 1935, o (já) místico da Umbria despeja no papel, a jato, 400 páginas. Sem nenhuma preparação científica ou metodológica anterior, põe-se a transcrever um tratado ímpar, que delineia os caminhos para a solução suprema dos últimos problemas da humanidade. Resolução dos problemas da Ciência e dos Espírito. São 100 capítulos, que partem de premissas profundas e universais, para iniciar uma caminhada desde a estequiogênse (nascimento da matéria), passando pela formação do dinamismo (energia), e desta à vida (germe do espírito), ascendendo continuamente, encantando, envolvendo e sistematizando a jornada infinita num universo finito: a da evolução do espírito.

As almas sinceras e com sede de algo a mais, realmente substancial, que convença o intelecto e comova o coração, encontrarão em A Grande Síntese um tratado da fenomenologia universal, poeticamente cientifico e cientificamente poético. Uma fusão das filosofias numa única diretriz que aponta para o telefinalismo. Conduzindo a humanidade para Deus através dos próprios métodos da Ciência, vence-se uma grande barreira e é possível fazer um marco inicial na humanidade, que se propagará por séculos e milênios. 

A partir daí a divulgação no mundo se iniciou, e uma obra após a outra só foram possível graças à vivência de seu autor, que com bom senso dizia que o que ele escrevia não era produto de erudição profunda, mas sim de maturação interior e vivência. Para Ubaldi interessava descobrir a aplicação prática e integral do Evangelho, de forma a confirmar que a Lei de Deus existe e é atuante neste mundo, para todos, a todo momento, da forma mais humilde e sutil (como tudo que é grande). Que a Lei é o que, por dores ou por milagres, conduz os seres a cumprir seu destino, seja ele expiação ou missão. 

A vida tem me mostrado que o pré-requisito para a realização de milagres é acumular e elaborar positivamente uma miríade de dores, forjando a alma, aceitando o que vier e jamais deixando de ser sincero para com os outros e (especialmente) consigo mesmo. Manter a orientação nos momentos mais desorientadores. Fazer o que o coração lhe diz, mesmo que no instante, para a mente racional, seja loucura e suicídio. Assim o diz quem uma vez foi jogado de um abismo e estava prestes a ser reduzido a um farrapo humano, solitário, pobre, excluído, sem ocupação - mas com uma fé inabalável. Somente passando por uma batalha interior titânica, de proporções que fariam muitos esmorecer e prontamente recorrer às "alegrias" e "alívios" do mundo, eram acionadas as engrenagens e alavancas invisíveis, que abririam portas humanas através do qual eu inexoravelmente iria passar, bastando apenas continuar com aquela fé original. 

A obra de Ubaldi assim passou a ter um significado profundo na minha vida. Trouxe paz sem precedentes e orientação em cada ato cotidiano. Os planos pessoais passam a ser enquadrados numa ordem superior, que deve ser prioridade suprema. Dessa forma não interessa o cansaço, contanto que o sentimento de crescimento espiritual estiver presente. Todas as barreiras humanas nada significam perante uma alma sincera, convicta e já ciente do grande mecanismo que conduz as humanidades e civilizações e universos. 

Seres mais conscientes começam a se manifestar. Um deles é Russell Brand, um comediante, ator, escritor e apresentador inglês que passou por um mar de ilusões para chegar a resultados pífios: riqueza, sexo, drogas e fama. Uma experiência pessoal levou-o a dar orientação diversa à sua vida. E começa a usar seus finitos humanos (fama, dinheiro, tempo livre e dinamismo de fala) para espalhar sua ideia e buscar melhorar sua percepção da vida e de seus fenômenos mais profundos. É sem dúvida um daqueles tipos prenunciados por grandes místicos e santos. 

Todos nós podemos fazer algo grande. Independente de nossa posição. Sejamos famosos, professores, cientistas, estudantes, artistas, mães, cuidadores, sempre é possível atuar em prol de uma verdade que supere a realidade limitada que o mundo nos apresenta. Basta despertar o sentimento interior. Assim as manifestações presentes das visões recentes de grandes espíritos como Huberto Rohden e Pietro Ubaldi - dentre outros - se dão. O progresso é lento, mas se dá a passo firme. Eduardo Marinho é um servo da Lei através do caminho da vida com os pobres; Leonardo Boff é outro servo que atua no caminho do ensino da ecologia e da espiritualidade; Noam Chomsky através do metódico trabalho intelectual. E por aí podemos elencar uma cadeia de seres que se aproximam cada vez mais conceitualmente, que devem chegar a uma comunhão, formando uma síntese que dê continuidade à Obra, antes compreendendo-a (fase dos próximos séculos) até que surja um ser suficientemente evoluído para dar continuidade a essa suprema onda que arrematará toda a civilização à sua meta suprema, acabando com a utopia no sentido mais positivo do termo, tornando-a uma realidade concreta e natural - e assim forjando utopias inimagináveis, que farão as nossas de hoje parecer produtos de um passado evoluído.

Essa é a grandeza da evolução a ser atingida.



Observações:
* Ubaldi divide sua vida em 4 fases: a primeira, dos 5 aos 25 anos, foi sua formação física e intelectual; a segunda, dos 25 aos 45 anos, foi permeada de dores e maturação interior profunda; a terceira, dos 45 aos 65 anos, de explosão conceptual (1ª fase da obra, na Itália); e a última, dos 65 aos 85 anos, de aplicações dos conceitos (2ª fase da obra, no Brasil).

Links:
https://www.youtube.com/watch?v=9l__WLzzR7E
https://www.youtube.com/watch?v=L8K2n2Yf8jk&spfreload=5
https://www.youtube.com/watch?v=6PYpHFwcITI
https://www.youtube.com/watch?v=en9yNEkU5kU
https://www.youtube.com/watch?v=LRgu3V6Ex_A
https://www.youtube.com/watch?v=P6hP8FTzFC8
https://www.youtube.com/watch?v=frQXgHrqDOE

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