quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A Era da Unificação

Um mundo cheio de informação, cheio de riqueza e cheio de discurso.
Só falta tornar o sistema operacional. Para isso, mergulhemos no
universo dos valores. Universo interior. 

Ilya Prigogine [1] ganhou o prêmio Nobel de Química em 1977 pelo estudo de Termodinâmica de processos irreversíveis com a formulação da teoria das estruturas dissipativas. Sua teoria envolve um ramo muito vasto - e cada vez mais- denominado complexidade [2]. Eis a definição wikipédica:

Complexidade é uma noção utilizada em filosofiaepistemologia (por autores como Anthony Wilden e EdgarMorin),linguísticapedagogiamatemáticaquímicafísicameteorologiaestatísticabiologia (por Henri Atlan), sociologia,economiaarquiteturamedicinapsicologiainformática ou em ciências da computação ou da informação. A definição varia significativamente segundo a área de conhecimento. Frequentemente é também chamada teoria da complexidade,desafio da complexidade [1] ou pensamento da complexidade.[2]

Trata-se de uma visão interdisciplinar acerca dos sistemas complexos adaptativos, do comportamento emergente de muitos sistemas, da complexidade das redes, da teoria do caos, do comportamento dos sistemas distanciados do equilíbrio termodinâmico e das suas faculdades de auto-organização.

Palavra-chave: visão interdisciplinar

Por que minha fissuração com isso? Porque ela parte de algo muito simples que se manifesta cada vez mais em todos e todas do universo humano - tendo sempre se manifestado em tudo do universo infra-humano. De forma inconsciente e implícita: a necessidade de desenvolvermos "estudos" do (e no) universo interior dos valores para resolvermos o caos criado com a riqueza do universo exterior dos fatos. Talvez por se tratar de algo além do mundo, capaz de abordar os últimos problemas sem recorrer a estatísticas concretas e teorias aceitas pelo número social e/ou poder da cúpula mundial, torna-se difícil compreender os conceitos aqui despejados.


Mas vejamos mais à fundo os dois universos que se digladiam - um querendo nascer, e o outro não querendo morrer.

Universo interior dos valores está para o conceitual, o íntimo, o subjetivo, o amor, a unificação, a síntese.

Universo exterior dos fatos está para o concreto, o expositivo, o objetivo, o raciocínio, a competição, a segregação, a análise.

Mas o novo não quer nascer para exterminar o velho, e sim apenas nascer. Mas com esse parto o novo universo se tornará o Senhor de tudo que existe até o momento - inclusive do velho, que será subordinado a ele.

Capital servindo o Social. 
Social servindo o Espírito.
Espírito orientado para a Unidade. 

De qualquer forma, é interessante reparar que a humanidade inconsciente possui vários pontos em comum com as moléculas da Termodinâmica: interdependência, emergência, realimentação, desordem, incerteza, desconstrução,...

Somos todos interdependentes. Estamos ligados ao ambiente, ao solo, às águas, a outros seres, a idéias e conceitos mentais, a sentimentos, ao passado. Nutrimos expectativas em relação à nossa formação e ao futuro - e à determinadas pessoas.

Depositamos nossas vontades em nossas análises intelectuais com o intuito de criarmos teorias que justifiquem nossa preciosa forma mental, prisioneira de uma consciência limitada e rígida.

Estamos demasiadamente ocupados com os problemas do mundo para refletirmos sobre tudo isso. Muitos, bem intencionados, tentam formular situações para se esquivar desses temas, desconectando a Visão Universal das Ações Específicas. Os sábios chamam isso de auto-ilusão - eu chamo de acochambração. Mas os problemas persistem. E as soluções específicas continuam sendo tentadas...Até uma nova crise ou queda ou depressão...

A emergência é interessante. Do simples chega-se a algo complexo. Exemplo: sistemas altamente sofisticados de foguetes e satélites. Os componentes são simples, com tecnologias consolidadas. Mas a ordenação de seus elementos, aliada ao papel de cada um, leva a um resultado que excede todo o conjunto. Mas não é no mundo da engenharia que a emergência mais encanta...

A união de dois seres, resultando num terceiro, é um processo de emergência. O filho vem através dos pais, mas não dos pais - o Ser vem do Infinito, dele mesmo, de Deus...

A combinação de dois seres emparelhados, com visão e portanto finalidades comuns, resulta numa atração sincera, espontânea e sustentável. Com isso pode-se gerar não apenas um ser, mas conceitos e idéias inteiramente novos, que englobem aqueles do passado individual de cada um. Esses novos conceitos, se sentidos e vividos (dilatação da consciência), serão absorvidos por ambos, fazendo com que o casal se transforme individualmente - mas através do profundo confrontamento de vivências. Esse processo pode ser traduzido no seguinte diagrama:


Figura 1: Conscientização por interação.

Ele revela o caso ideal, no qual o motivo da união é concretizado no desenvolvimento de ambos atores. Isto é, elevação causada por unificação, de ambos.

O estágio inicial (consciência fixa) nada mais é do que aquele que prenuncia a dinamicidade construtiva, com destruição do velho e construção do novo, de forma simultânea. Essa fase nada mais é do que a transformação, que reordena os seres internamente, tornando suas verdades mais próximas do eixo diretor: o Caminho de Meio de Buda, ou o Equilíbrio em tudo, que levará a Deus (Salvação) do melhor modo possível. Tem-se a consciência expandida. 

Percebam que é possível uma pessoa, individualmente, fazer essa escalada evolutiva e se aproximar do eixo diretor universal . No entanto, apenas os verdadeiros iniciados, os Sábios e Santos, serão capazes de evoluir sem a necessidade de interação. Eles já são capazes de sintetizar tudo, pois já são suficientemente elaborados internamente para trilhar o caminho de ascensão sem desvios. Comumente se encontram próximos ao eixo, obedientes à Lei de Deus.

A realimentação é o famoso feedback dos Engenheiros Eletrônicos. Os animais e plantas possuem a nível sensitivo; os humanos possuem a nível sensitivo e mental; os super-humanos possuem (e possuirão) a nível sensitivo-mental-espiritual.

O fato de não termos uma realimentação a nível espiritual nos coloca em xeque no estágio atual. Por que? Porque os problemas resultantes do desenvolvimento de nossas capacidades intelectuais se acumularam, avolumaram e intensificaram a tal ponto que demandam uma solução além daquelas apresentadas pelas fontes que os causaram. Resta-nos superar o atual plano da mente, adentrando no universo da liberdade do espírito....

Figura 2: Universos de inteligência. 

A Figura 2 revela o que cada tipo de inteligência engloba. O controle sensitivo atua apenas sobre si mesmo; o controle mental atua sobre ele mesmo e o mundo sensório; o "controle" espiritual (compreensão) atua sobre si, a mente e os sentidos. Nada que falo é novo. Todas essas verdades se encontram na Bhagavad Gita, escrita há mais de 6000 anos (!)

O fato de não termos desenvolvido a capacidade de realimentação espiritual significa que ao sofrermos com experiências sistêmicas (crise político-econômica) ou afetivas (crise familiar, conjugal) ou psicológicas (existencial), não sabemos recorrer a saídas efetivamente construtivas, restando apenas enquadrar a profundidade como uma anomalia a ser ignorada. Mas nada se destrói no Universo - especialmente o espírito, a idéia, o sentimento, o imponderável...E com isso há acúmulo de algo não processado adequadamente (para usar um termo corrente e compreensível para o mundo).

Ter desenvolvido o feedback sensório permitiu às plantas e animais lidarem com seus problemas de forma satisfatória.

Termos surgido com - e desenvolvido - o feedback mental permitiu o domínio parcial sobre os elementos e o desenvolvimento dos conceitos, a criação de riqueza e conforto.

Mas eis que o mental apenas resolve a problemática exterior, atuando no específico e com soluções não-definitivas. É bom enquanto ela em si não se desenvolveu ao máximo. No entanto o século XXI começa a apontar para estrelas insondáveis. Os conflitos pipocam e as teorias se desmoronam (vide a pobreza de visão de Fukuyama, ao prever o "fim da História" após 1989...). E nós não vemos soluções implementáveis.

Por que?
Porque nos recusamos a trabalhar com o universo interior. 

Não há Reforma Íntima sem Justiça Social
Não há Justiça Social sem Reforma Íntima.

Estamos chegando à Era da Unificação, na qual tudo que muitos julgavam vazio e sem sentido e fraqueza deverá ser reconsiderado à sério. Isso já está acontecendo. Percebe-se nos discursos de pessoas bem-intencionadas. Está implícito mas firme. Está na atmosfera. Todos elementos e teorias e recursos estão disponíveis. Nos sinceros e retos, a vontade cresce proporcionalmente ao desespero - mais dos outros do que no seu próprio. É o Amor clamando por Unificação. E com isso a Síntese passa a coordenar as análises.

A desordem é relativa à época e ao local. Ela também é uma questão de ponto de vista. Mas ela não é o destino final. Por que? Porque caso contrário, se vermos à fundo, nada teria sentido e a vontade de criar e viver e evoluir não existiria no mundo. Porque a desordem é um sinal que indica que a ordem atual não serve mais, e ela está aí para destruir o inútil que se prendeu às nossas mentes. Naturalmente e sem piedade. Porque a Lei de Deus quer o nosso bem.

Desordem é uma fase que antecede a ordem. E a ordem precede uma desordem. Mas à medida que novas ordens são criadas, o pior da ordem passada é eliminado (resíduos), e novos elementos são adicionados. Substancialmente. Porque a evolução é lenta, seja ela coletiva ou individual.

Incerteza é algo que se manifesta, seja na ordem ou na desordem. Ela pode levar a manifestações de desespero, mas jamais deixará a pessoa indiferente. Podemos negar o íntimo, mas jamais encobrir nossos estado de inquietação. São gestos, olhares, suores, tom de voz,...o modo de conduzir nossa vida. É sutil mas potente.

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Assim, relações deterministas, às vezes muito simples, podem gerar, após muitas interações, divergências de trajetórias significativas partindo de condições iniciais muito próximas [2] 
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Essa verdade, obtida experimentalmente, constatando a natureza infra-humana, mostra que do banal - repetido exaustivamente - pode surgir um caos. Caos que no caso social gera incerteza nas pessoas. Incerteza que amplifica o medo. Medo que nos torna mais egoístas e agressivos. E assim forma-se um caos no qual quem não vê (a imensa maioria) parte para apontar pseudo-causas. Atores específicos, efeitos na superfície, entre outros. Jamais a forma mental imperante e seu produto: o sistema de crenças e valores.

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Porém, surpreendentemente, se do ponto de vista individual há o caos, muitas vezes há um padrão estatístico com relação à distribuição de probabilidade das trajetórias, o que permite alguma inteligibilidade e tratamento científico do caos.
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Eis que a ciência arranha algo muito maior. Ordem no caos...como? Mas através da mente chegamos às portas do espírito. Quer avançar? Se transforme. Isso vale para você, para mim, para sua tia e pai e mãe e irmã e amigos e chefe e político e padre e esportista e artista e cientista e humorista e isso e aquilo...vale para tudo e todos.

No caos não vemos muito claramente porque toda nossa mente - tudo que somos no atual estágio evolutivo - está operando numa faixa restrita de conceitos, tempo e espaço.

A incerteza é produto da ignorância, e só será superada com uma visão cósmica e desprendimento das copias do mundo - que para se elevar, devem servir ao universo do imponderável.

Com isso termino esse ensaio, tendo a certeza de ter cumprido com satisfação um impulso natural e saudável. 

Paz e iluminação !


Referências
[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilya_Prigogine
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Complexidade
















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