quarta-feira, 15 de abril de 2015

A NECESSIDADE DA MISÉRIA PARA NOS SENTIRMOS BEM - MAS NÃO SERMOS BONS

É confortante pensar que abaixo de nós existem milhões ou bilhões de seres humanos em condições piores que a nossa própria. Pessoas privadas da liberdade de expressão, ou de praticar sua crença (ou descrença) religiosa, ou de se alimentar de acordo com suas necessidades, ou de possuir os recursos mínimos para sobreviver - ou viver - entre outros males inumeráveis e indescritíveis.

Gosto sempre de ressaltar que os ditos belos e verdadeiros não são tão belos por serem relativamente verdadeiros - mesmo que esse relativo esteja mais próximo do Absoluto do que os outros. A TV é um exemplo elucidativo.

Pessoas que já tiveram um despertar de consciência dizem não ver TV porque ela mantém a pessoa alienada, anestesiando-a e tornando famílias, grupos e - consequentemente, por difusão inconsciente - sociedades massas amorfas à serviço de máfias que não sentem a necessidade de melhorar (substancialmente) a vida das pessoas. Isso é verdade até certo ponto. Não nego que pessoas com essa visão já transcenderam uma barreira que ainda aprisiona muitos. No entanto, uma pessoa com consciência monista já ultrapassou essa fase de entendimento dualista.

O Ser cósmico, ou pós-místico, percebe que o objeto em si não é o mal, e sim o uso que se faz dele.
O Ser inteligente, ou pré-místico, vê o objeto como mal de per si, atacando uma entidade neutra por natureza.

É difícil mas possível assistir TV sem ser refém de sua programação - em sua maioria "divertida" e sem finalidade. Para isso é necessário ter passado por uma transformação profunda que se traduz em: 1) "ganhar" uma natureza de querer o que sabemos que devemos; 2) sabermos diferenciar a pouca substância libertadora das numerosas formas escravizantes. Esta é quantidade, aquela é qualidade.

A qualidade deve orientar as quantidades.
Nem ignora-lá, nem fugir dela.

Eu assisto televisão à noite - algumas sim, outras não. No entanto, faço-o não para preencher o vazio do silêncio (que adoro!). Silêncio necessário para desenvolver - da melhor forma possível - minhas idéias, meus textos; para estudar, para pesquisar; para namorar, para socializar (de verdade!). Faço-o para adquirir algo a mais, em forma de Arte (Cinema internacional ou clássico, assistir orquestras) de Filosofia (Café Filosófico, Invenção do Contemporâneo, Roda Viva...os mais antigos) ou de Ciência (documentários históricos, biografias de grandes cientistas, Roda Viva tambémetc). Qualquer assunto de qualquer vertente do saber que ajude a me aproximar da Verdade Universal do Todo, que permeia tudo e todos. Prefiro saber sobre notícias através de artigos de revistas e jornais cujos colunistas transparecem uma mentalidade aberta e que não entre em contradições.

Chomsky busca, explica, convence e encanta. Orientação
das pesquisas. Unificação de conceitos. Paciência da
jornada.
Na mídia em geral, os acontecimentos políticos, econômicos e cotidianos são abordados de uma forma puramente mercantilista - em sua esmagadora maioria. Isto é, notícias felizes e (em grande parte) trágicas são apresentadas porque dão dinheiro e/ou ibope. E se os chefes e diretores dos meios de comunicação conhecerem meios concretizáveis de ganharem mais poder e recursos sem transparecer essa intenção fá-lo-ão sem remorso. Quem vai contra essa corrente, buscando a Verdade - que é imparcial e universal - deve se preparar para uma árdua e dolorosa jornada.

É lamentável perceber como existem programas de televisão e noticiários em que o foco é a "novidade" e o "terrível". No entanto é compreensível considerando o estágio de consciência adormecida (das elites políticas e financeiras) e do intelecto escravizado pela supersaturação instintiva (das massas).

Novidade é descobrir as causas profundas dos males que assolam nossa psique.
Terrível é ganhar dinheiro com o "terrível".

Aqui não se trata de condenar, e sim constatar.

De nada adianta julgar quem ainda não compreende a mais profunda e vasta Realidade, e o papel de cada Ser - infra-humano, humano e supra-humano - no Universo.

Ordenando tudo que foi dito - dito porque sentido e vivido - pode-se esboçar uma grande síntese e elencar conclusões sobre a mesma, traçando desafios para o futuro. Desafios de interesse coletivo...

Primeiro ponto: 
Será que muitos de nós não nos esforçamos para transformar a nós mesmos e - consequentemente - o mundo porque temos preguiça de ascender conceitualmente (espiritualmente), e como efeito, considerando esse engessamento individual, para nos mantermos na zona de conforto, nos unimos a grupos e atacamos aqueles seres que tentam realizar uma auto-superação, porque tornam nossa fraqueza mais visível?

Segundo ponto:
Por que muitos seres com estudo e títulos de dar inveja não aplicam na vida prática aquilo que pesquisam e estudam: fenômenos naturais e acontecimentos coletivos inter-relacionados? Por que muitos extraem do meio e das pessoas (matéria, energia e tempo) para si, e não percebem que nada ganham à longo prazo - inclusive causando mal à sua vida individual a longo prazo?

A vida é um bumerangue...

Tudo que emitimos volta à fonte: nós.
Pode demorar ou vir numa forma diferente. Mas será essencialmente proporcional ao emitido.

Quanto mais profundo é a percepção de um ser, maior é sua consciência.
Quando um sensitivo aprende a lidar com sua percepção aflorada, sua vida começa a se transformar.

Percebam: eu não inventei nada. Nem sequer fui o primeiro a descobrir um fenômeno ainda não sistematizável - e portanto não-científico. Apenas constato verbalmente e tento esboçar relações entre o aqui e agora e o vir-a-ser.

Recentemente a Disney lançou um desenho chamado Frozen (bem bonitinho...). A história é sobre uma princesa que possui poderes que inicialmente (infância) desconhece, e logo se dá conta disso, mas apesar disso não é capaz de controlar essa sua essência "congelante", e por causa disso deve obrigatoriamente manter todo esse poder escondido - não chamar atenção ou ser vista como uma ameaça ao reino. Custe o que custar. Mas um certo dia ela acaba acidentalmente manifestando esse poder num evento, e foge para longe, no alto das montanhas, para viver em paz consigo - mesmo que a sociedade a tema e por isso a rejeite (inicialmente...).

É o início de uma busca de si mesma (autoconhecimento) e da busca pelo mundo daqueles que realmente a estimam (compreensão). E com a autocompreensão própria e aceitação de poucos (que valem muito), ela chega à autorrealização, aceitando seus poderes e sabendo controlá-los.

Autocompreensão -> Aceitação -> Autorrealização

Eis a gloriosa espiral ascensional humana em forma de entretenimento !

E eis o motivo pelo qual eu e muitas pessoas adultas e estudadas realmente se encanta e se diverte com esses desenhos. E claro, as crianças.

A própria letra pode ser "traduzida" como um processo de ascese mística - como todos desenhos realmente belos e empolgantes.

No próximo bloco irei demonstrar como um desenho visto por bilhões é mais útil e belo do que milhares de teorias de produtividade desorientada e elucubrações corporativas ou acadêmicas egoístas.

(continua)

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