quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Mensagem de Ano Novo

As convenções pouco dizem. Melhor: dizem muito por pouco significarem. Os rituais e formas se tornaram uma obsessão do ser humano para adiar o que está sendo martelado cada vez mais intensamente. Martelado no íntimo. No espírito. É o anseio pela evolução.

A crise do sistema que impera no planeta - e nas mentes - é manifestada no campo social, político e econômico. Mas tem origem no universo interior: na mentalidade, nas lógicas, nos conceitos. Conceitos formulados numa época em que as necessidades consideravam um horizonte limitado em termos evolutivos. Conceitos para um mundo focado no materialismo, na ciência e na tecnologia - e nada mais. Conceitos em que a Terra era vista como algo dominável e inferior, a ser melhorado por nós. Uma relação unidirecional, com crescimento material ilimitado, para satisfazer necessidades materiais sem fim e carências afetivas crescentes. Não é preciso ter diploma superior para perceber que isso não se sustenta...

Mas como mudar - o mundo e a gente?

A Bhagavad Gita resolve os problemas últimos da vida. Síntese máxima ao lado do Evangelho e do Tao Te Ching. Mas com um detalhamento ímpar. Cada pensamento expresso num parágrafo ou linha contém uma potência capaz de arrefecer os espíritos mais atormentados - se compreendida. Cada trecho revela o que importa e porque importa. Sua linguagem é universal, abraçando todas esferas com sínteses máximas. Ela é a Canção Sublime.

A palavra equilíbrio traz em si muitos segredos. Ela considera os dois pólos de operação da alma humana: espírito e matéria. Entre esses pólos temos uma gradação infinita. E, além de considerá-los, mostra que devemos operar orientados no sentido matéria-espírito, e equidistantes dos extremos. Isso parece simples, mas trata-se de uma vivência extremamente difícil.

Muitos creem estar vivendo de forma equilibrada porque estão em paz. Mas essa paz é meramente aparente. É uma "paz" que depende do esforço de outros. É uma "paz" calcada em ilusões que insistimos alimentar. É uma "paz" de gozo sem sentido, de esforço desorientado, de exclusão.

Krishna orienta Arjuna. Este está numa batalha contra seu ego
luciférico. Se vencer conseguirá submetê-lo ao seu Logos
crístico. 
Apenas atingindo a íntima substância do ser pode-se começar a compreender a realidade individual - e consequentemente coletiva - de nosso planeta. Após essa compreensão, que pode se tornar uma verdadeira catarse mística, abre-se a porta da assimilação dos valores reais (não os pseudo-valores). Esse processo não tem duração nem modo de ocorrência definidos e pode variar de acordo com a personalidade. Trata-se de algo subjetivo, íntimo, único, ímpar, situado no campo do imponderável, que dificilmente pode ser dito em meios sociais ou familiares. É o que torna o trabalho de maturação um grande desafio.

Segue-se com a mudança de atitude, que se traduz em reformulação de conceitos. A natureza é superada, atingindo-se um novo patamar espiritual. Vê-se de outra forma, atua-se de outra forma. Chega-se ao fim da longa jornada da expansão inconsciente para se iniciar a poderosa vida pautada pela seletividade consciente. Isso não significa que as coisas serão fáceis. Muito pelo contrário, pois quem enxerga mais sente o peso do mundo que afasta o ser do trabalho real. E vislumbra-se horizontes vastos. E que chegar lá exigirá um esforço titânico. E que esse esforço é tão mais titânico quanto menos se dão conta disso. Como poucos ainda acordaram - e não se pode forçar alguém a despertar, pois a consciência se abre a partir de dentro - resta o trabalho de viver de acordo com seus ideais. Eis a Grande Batalha.

De onde viemos? Para onde vamos? Por que? Como? Qual o sentido disso e daquilo? O que é realmente importante na vida? Porque tudo muda a todo momento?...São perguntas que não saem da moda. Porque elas superam todas nossas análises e teorias e inventos. Elas podem nos orientar. Basta respeitarmos o que está aquém das premissas e além das finalidades deste mundo. Um mundo que não se salvará por si só...

O Ano Novo está chegando. Promessas, festejos e rituais. Mas nos esquecemos que as mudanças ocorrem sem que a gente estabeleça datas ou elabore rituais. Elas vem e pronto. Naturalmente. Isso é o que importa. Isso é o que sempre importou.

Descobrir a si mesmo. Superar a nossa natureza. Dilatar a consciência. Evoluir...

Despertar é a melhor coisa que pode acontecer a uma pessoa.

E é o único meio de nossa Salvação.


Bom Ano Novo !



quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Mensagem de Natal

Quase 2016. Vejo as pessoas indo afoitamente no supermercado, no shopping, nas concessionárias,...Milhões de pessoas que tem algum dinheiro na conta gastando o que foi ganho à custa de muito tempo, saúde e energia para comprar perus, carnes, comidas, bebidas, presentes, e as mais diversas coisas. E os milhares daqueles que tem muito mais dinheiro, ganho com a exploração da natureza, das pessoas, das circunstâncias do mercado - em sua maioria - gastando em itens igualmente. Só que mais sofisticados e inacessíveis ao consumidor das classes médias para baixo.

Vejo os pobres usando os parcos recursos para comemorar também. Cada classe gastando compatível com sua realidade - mas sempre gastando.

Vejo os miseráveis na rua...uns nem sequer ligando para esse Natal, percebendo que nada muda - tanto na vida deles quanto na natureza humana. Outros criticando com profundidade, mostrando o que realmente importa nessa época...e em todas épocas, em todos dias. Mas ninguém os escuta: estão mal vestidos, sem tomar banho e na rua. Para a mentalidade do tipo biológico médio atual eles não existem. São "coisas", não pessoas.

Passamos ocasionalmente pelos bolsões de miséria e...apenas olhamos. No máximo olhamos. Mas não por muito tempo. Porque se começarmos a olhar os excluídos (excluídos por nós mesmos!) nos olhos...ver aquela criancinha que nasceu no completo abandono, que nunca poderá ter uma educação mínima, uma alimentação adequada, um lar, uma vestimenta, um tratamento digno, o amor de uma presença sincera...se começarmos a observar isso e absorver essa Realidade - criada por nós! indiretamente ao longo de séculos...- ficaremos loucos. Então ignoramos e fazemos piadas. Piadas do sofrimento alheio. Para não enlouquecermos...

Tudo pela nossa saúde mental e emocional...

Quem nos dará a água da vida quando o mundo nos
abandonar é aquele que desprezamos e ignoramos.
Na miséria se revela a face de Deus.
Mas essa Realidade que nos alopra - cada vez mais - se intensifica e se espalha. 

Parece que quanto mais apoiamos políticas de exclusão, (travestidas de progresso e "ajuda") mais cresce a miséria no entorno. E com isso vem a filha violência, que aciona a neta segurança, que começa a vigiar tudo que se move e não está vestido, alimentado de um certo modo. Todo ser que não possui é suspeito. Porque afinal de contas, quem não tem não é...Pelo menos é essa a lógica que constato nesse planeta.

Com a segurança vem um sintoma: as pessoas alopram. Todos tem medo de todos. Desconfiança. Medem-se as relações com base no que se pode obter de retorno, seja ele sexual, patrimonial, físico, social ou intelectual. Nada além disso. No fundo. Raros são os seres com algo a mais nas suas relações. E quando se percebe isso a atitude muda. As palhaçadas da vida - antes tidas como tarefas "importantes"...eventos "importantes"...cargos "importantes" - passam a ser vistas como tal. Apenas continuamos nelas num certo grau. O suficiente para que possamos atuar no mundo sem sofrer perseguições.

Mas como eu ia dizendo...a segurança desencadeia uma reação sem fim de desgaste emocional que culminará num completo aniquilamento da sociedade. A não ser que as pessoas comecem a despertar e perceber qual é a realidade exterior que elas estão criando à sua volta. E reconhecendo que a pior violência é aquela louvada, perseguida e propagandeada pelas pessoas. A (grande) mídia tem ajudado a nos desviar do caminho. Mas nós temos nossa parcela de culpa por nos deixarmos conduzir por ilusões.

Natal é (dizem) uma época de compartilhamento, união, comunhão dos seres entre si e com algo maior. Mas quando observo as pessoas correndo que nem loucas, falando e falando sobre o que comprar, o que usar, como falar...pensando se aquela pessoa atraente ou rica ou influente ou tudo isso junto vai estar naquela festa...gastando sem jamais saber o porquê...quando vejo isso me sinto abençoado e condenado ao mesmo tempo. Porque percebo o vazio interior daqueles que tem - e o vazio exterior daqueles que não tem. E sinto que esse vazio exterior acaba levando muitos a um vazio interior. Porque os que muito possuem e falam em amor são geralmente os que menos praticam.

Uma vida centrada no consumo de bens e serviços supérfluos é uma vida escrava.
Somos escravos de nossa ignorância. E com isso criamos ódio - em nós mesmos e nos outros. Um ciclo sem fim, que não vê nada além do crescimento econômico e da satisfação dos prazeres...

Estamos preparando uma grande Dor porque estamos sendo incapazes de lidar com os recursos, a energia, o tempo e as teorias. 

Meu Natal será simples - como é há muitos anos.
Pouca quantidade, muita qualidade.
Pouca quantidade porque o necessário é o ponto ótimo.
Muita qualidade no convívio, na sinceridade, na substância.
Reflexão.

Sem picos nem vales materiais - que nada fazem a não ser desgastar.
Porque cheio de picos e vales espirituais - que é o que conta.

Mas poucos sabem disso...
Poucos sentem isso...
E são justamente esses os que mais sofrem.

Usando o próximo como combustível a ser consumido - para manter nosso equilíbrio interior - preparamos uma avalanche. Um equilíbrio insustentável e sempre em vias de colapso. 

O Natal não importa.
O que importa é transformarmos o Natal das Compras estagnantes no Natal do Espírito evolutivo.

Para mim é falso e vazio desejar "feliz natal" a pessoas da minha classe social, meu meio e etc, sabendo que isso é uma mera formalidade. Sabendo que existem milhões e milhões privados de tudo - até mesmo nessa época. E que ninguém se importa com eles, por mais próximos que estejam. Porque eles são uma ameaça. Sempre uma ameaça...E assim alimentamos a Grande Dor que atingirá todo o globo em todas as frentes.

O Natal só será Feliz quando houver Paz entre tudo e todos.
Até lá tudo (ou quase) é uma ilusão - e das boas.

Temos de parar de seguir fórmulas engessadas.
Temos de parar e refletir.
Temos de ser mais corajosos em adotar uma postura de vida e idéia.
Devemos forçar o despertamento antes que seja tarde.

Vá, comemore, coma bem, dê presentes. Mas constate e reflita. Em silêncio...em intensidade. Dá pra começar por aí. Não é tão difícil...Não dói muito - talvez um pouco, no comecinho.

Assim, daqui a alguns séculos ou milênios, poderemos comemorar um Natal de Verdade.
Um Natal de Sinceridade, Paz, Liberdade, Amor, Integração, Abundância, Equilíbrio,...

O Natal que nunca houve,
Mas pode nascer...

Depende de todos nós.

Boa reflexão !

Sinta, viva e se transforme !



sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A Lei de Deus

Vida é sofrimento. Sofrimento belo. Beleza sofrida. Vida é um processo interrupto e ininterrupto. Saltos e quedas. Períodos de estabilidade e tempestade. Dores e alegrias. Gritos, espasmos e incubações. É dinâmica.

Existe lógica em tudo. Mas descobrimos - individualmente e coletivamente - aos poucos o sentido da História. Tanto a nossa quanto a coletiva. São revelações sucessivas, que ocorrem à medida que vamos compreendendo o porquê das coisas e o mecanismo de funcionamento (o como) da vida. Desde a natureza infra-humana até o além. O porquê e o como: eis as chaves para o início da libertação dos ciclos de sofrimentos. Não falo nada de novo. Apenas reproduzo verdades milenares. Reproduzo sentindo que se trata de algo realmente sublime e prático.

Eu acho desagradável falar de mim, mas sou eu quem melhor me conheço. E quando falo de mim na verdade falo de você, leitor(a), de meu vizinho, de seu amigo, seu professor, dos estadistas, dos pesquisadores, dos artistas, dos excluídos, dos iludidos,...de tudo e de todos. Por que? Porque não falo sobre meu eu humano, minha pessoa com seu corpo e vícios e posses e títulos e histórico. Falo sobre as profundidades que sondam meu espírito - ou tento pelo menos. Tento captar a essência de cada momento.

Vida é transformação, superação.
Aniquilamento da forma velha,
Criação de forma nova. 
A vida é constatação, assimilação, maturação interior e eclosão exterior. São quatro fases de um ciclo que se repete indefinidamente. Esse ciclo é único em seu aspecto mais abstrato, e vai se multiplicando em uma miríade de ciclos à medida que vamos descendo ao campo prático, da vida real, concreta, necessária a tudo e todos.

1. Constatação
2. Assimilação
3. Maturação
4. Eclosão

Não existe melhor nem pior. Prática é vida. É necessária para a manutenção do mundo e para a assimilação de teorias consolidadas. É real. Teoria é abstração necessária para preparar terreno para novas práticas. É ideal.

Ideal sem Real é esmagamento no mundo.
Real sem Ideal é estagnação infernizante.

Ideal com Real pode ser bom se o Ideal guia o Real.

Real guiando Ideal é involução destrutiva.
Real ignorando Ideal é estagnação corrosiva.
Real seguindo Ideal é evolução construtiva.

Como eu dizia, a vida possui ciclos de 4 fases. São quartos necessários para o afloramento da consciência individual. Cada conclusão levará a um novo tipo de atuação - geralmente com alterações imperceptíveis.

A minha vida é igual a de todos - em sua essência. A sua vida é igual à minha - pelas mesmas razões. Nas multiplicidades nos diferenciamos. Mas devemos ver que o que realmente importa é saber partir do íntimo. Do profundo ao superficial conseguiremos guiar nossas vidas. Visando o longo prazo construímos solidamente. Orientação é uma palavra-chave. Devemos nos orientar na vida para que não sejamos presas das aparências coletivas. Isso não significa que a coletividade não tenha grandes verdades. Significa apenas que geralmente o menos interessante (e importante) das coletividades vem à tona. O cuidado é máximo.

Comecei esse blog sem saber o porquê dele. Nada planejei, nada ambicionei - continuo assim. Deixei a minha natureza se manifestar (o melhor dela!). O tempo passou e as idéias foram se desenvolvendo. Uma gerou outra. Destruições de conceitos antigos, refinamentos de outros e algumas gerações. É sobretudo o registro de experiências profundas.

O primeiro quarto de século de minha existência foi uma preparação para o que estava por vir. Até 2010 eu pouco (ou nada) sabia claramente sobre a finalidade da vida. Mas todos elementos já estavam presentes em meu Ser. Foram adquiridos inconscientemente. Falo de forma abstrata porque descer nas especificidades tende a descaracterizar a essência das coisas, desviando a atenção do que interessa e levando a cisões e julgamentos. 

Vida é busca ardente e sincera. É inquietação constante.
É superação da lógica atual para a gênese de super-lógicas.
O Ideal guia o Real.
Ao me formar comecei a trilhar um trajeto cuja finalidade desconhecia (e ainda não sei). Ao mesmo tempo, fazia tudo com a melhor intenção possível. E sofri com isso. Mas - não sei o porquê - perseverei. E o tempo passou, e os golpes vieram. 1 ano. 2 anos, 3 anos...Foi uma época intercalada por tensões e quedas. Eu não sabia, mas a cada tensionamento interior eu me voltava pra mim, absorvendo tudo sem recorrer aos artificialismos do mundo. Idem para as quedas. E com isso eu ia vivendo o dia-a-dia.

Depois de um tempo começaram a surgir alguns resultados surpreendentes. Fatos que eu julgava irrealizáveis tomavam forma. E eu agradecia a tudo e todos menos eu mesmo. Aquilo não tinha uma explicação dentro dos parâmetros da razão. Isso se deu em algumas esferas da vida. Era uma transformação que parecia ter surgido do nada. Só agora me dou conta de que ela estava esperando as condições e circunstâncias propícias para se manifestar. A mudança era eu. Era a vida. Era a vontade. Era a teimosia chata se transformando em perseverança intensa.

O último grande impacto veio há pouco mais de um ano.

Era algo tão esperado quanto inesperado.
Esperado da parte de meu espírito multimilenar.
Inesperado da parte de minha pessoa superficial histórica.

Isso gerou uma explosão de alívio e desespero simultâneo.
Eu não sabia o que fazer com aquilo. Era uma tensão demasiadamente grande para mim.

O tempo passou e comecei a interiorizar o impacto sofrido.
Diálogos, pensamentos, reflexões, discursos, textos, estudos,...

A vida continuou e o trabalho se intensificou.
Saíra do inferno para me ver num vazio eterno? Errara pra variar...

Mas...quem foi responsável? O Ego Luciférico ou o Logos Espiritual? Ambos agiram com intensidade. Ninguém sabia. O mundo não via nada. Mas eu sentia tudo. Tudo. Intensamente...

Esse é o dilema de todo ser humano que anseia pela ascensão.

E 2 meses passaram...

O primeiro e mais importante acontecimento elevou a minha vida afetiva às alturas.
Era felicidade num aspecto e tristeza noutro.
Não há opostos sem equilíbrio.

Restava rever as escrituras: quem conduz quem? Quem é elemento essencial, a ser valorizado e cultivado e vivido para estimular o elemento secundário? Eu sabia a resposta: era o afeto. O Logos. A intuição.

Os meses passaram...
Me resolvi parcialmente e sosseguei temporariamente.
Mas o problema material persistia.

Surge um sinal. Poucas chances, muita vontade - o que custa tentar?
Me lancei com todas as forças nos estudos, sem pensar no futuro nem no passado. Era tudo presente e vida. Era intensidade máxima causada por concentração no espaço-tempo. Era a Consciência e a Fé guiando a mente.

Fiz o que podia e os meses passavam. Prestes a completar um ano de golpe mortífero tomei conhecimento de seres fantásticos que vivem vidas fantásticas. Um Sábio chamado Eduardo Marinho que sentiu e viveu o espírito de Francisco de Assis. E a partir daí me dei conta de que só há um caminho para a Salvação: a libertação individual das coisas do mundo.

Um ano. Quarta-feira. Novembro.
Volto da aula e leio um email. Era a Salvação. O Destino. A consequência de uma trajetória sofrida mas sincera. Ambiciosa mas orientada. Ambiciosa para a elevação interior. Orientada para a atuação futura.

Percebi que forças mais sutis, incrivelmente poderosas, foram responsáveis pelo ocorrido. Me senti em dívida com o Alto. E consequentemente com a humanidade.

Tudo na vida tem função. Nada está num lugar sem finalidade. E eis que um novo ciclo começa. Com incertezas e durezas pela frente. Mas também com possibilidade ímpar de superações. Trata-se de uma jornada que não finaliza quando nos convencemos de um fim. Viver é luta constante. É ascensão. É criação. É despertamento.

De onde vem os milagres? 
Eles não vem, são causados.

Como nascem os anjos?
Com dor intensa. 

Qual a finalidade da vida?
Evoluir, evoluir, evoluir,...


Blog do Eduardo Marinho - Observar e absorver

Recomendo muito.
Um cara que vive o Evangelho !

http://observareabsorver.blogspot.com.br/


Espirito de luz. Fala simples. Fala tudo.
Vive o que fala. Sente o que pensa. 


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Ar-Água-Alimento-Abrigo-Afeto

Tenho visto diversos vídeos de Eduardo Marinho nos últimos dias. E me admiro cada vez mais ao ouvir um indivíduo com tão alto grau de consciência e capacidade ímpar em lidar com a realidade material. Isso é raro. Raro nesse grau. Nessa intensidade.

Arte de Eduardo Marinho.
Excesso causa carência - carência revela excessos.
Excesso é nojento, embora não pareça.
Carência é triste, embora revele a verdade.
Muitas pessoas estão despertando para o que está ocorrendo no mundo. Eu tenho reparado nisso através de observações profundas em todos momentos do cotidiano: nas aulas, nas ruas, nas pessoas, nos mercados, nas feiras, nas redes sociais, nas mídias, nas artes, na ciência, na religião. Existe algo nascendo com ímpeto e força. E não podemos encerrar essa gênese numa classe social, num nível intelectual, numa raça, numa igreja, numa área de pesquisa ou num local. É simultâneo e se manifesta de várias formas. No entanto percebe-se, em profundidade, um fio condutor em comum, que é forte como titânio quando é enfrentado pela razão do mundo; e suave como uma pétala de rosa ao lidar com questões (aparentemente) insolúveis.

O futuro se materializa em função do desespero do indivíduo. Ele começa a tomar forma à medida que o indivíduo esgota todas as possibilidades apresentadas e reconhecidas pelo mundo (passado e atualidade). O futuro é algo que se cria quando você reconhece os benéficos do passado e ao mesmo tempo rejeita aquilo que está erodindo e não serve mais. Em todas esferas da vida. Teorias, invenções, sistemas, relações. Modos de conceber o mundo que serviram numa dada época mas devem ser abandonados - por mais doloroso que seja. Quebrar paradigmas - tendo ou não estudo, sendo rico ou pobre, homem ou mulher, jovem ou idoso, negro ou índio, branco ou amarelo. É uma destruição da forma velha e inútil para que a substância construa novas formas.

Somente nos transformamos quando nos desprendemos da vida. Melhor dizendo: apenas quando nos desprendemos do que esse mundo vê como vida.
AR

A Vida não morre, pois ela é substância. 
As existências nascem e morrem, pois elas são formas.

Vida é um princípio que anima a matéria.
Existência é uma experiência na matéria.

Mas...voltando ao tópico. Num dos vídeos Eduardo apresenta os 5 A's que todo ser humano REALMENTE precisa para viver. Eu fiz uma alteração de modo a tornar a idéia mais completa, trocando o agasalho pelo afeto: Ar, Água, Alimento, Abrigo e Afeto. De fato, tudo é redutível a isso. Se estivermos conscientes disso - independente da nossa riqueza material - podemos começar a libertar nossa mente dos pesos do mundo e preenchê-la com as potências da sabedoria.

Através de experimentações interiores chegamos a perceber a potência dessa verdade. Tudo que utilizamos nessa existência - ou deveríamos utilizar - são redutíveis a esses cinco aspectos fundamentais. Vejamos como isso se dá de fato. O ar, elemento primário, indispensável à vida humana, contínuo e frequente em sua circulação, elemento basilar para a execução de qualquer atividade, permite as atividades mais elementares. É a base sem a qual nada é possível. A água, cujas moléculas são maioria em nosso corpo físico (70%), é fundamental à vida, pois contém dois dos quatro elementos fundamentais à vida orgânica: Hidrogênio, Carbono, Nitrogênio e Oxigênio (H,C,N,O). Dois ou três dias sem a circulação dela extingue a atividade dos sistemas e órgãos e suas células. Mas vejamos mais a fundo as relações do ar e da água com o mundo exterior ao corpo.

ÁGUA
Ar com elementos tóxicos significa circulação frequente de elementos nocivos ao funcionamento corporal. São milhares de litros por dia. Por outro lado, água mal tratada contamina o organismo. O processo é lento e discreto, de forma a enganar os sentidos e até mesmo o raciocínio. Nos acostumamos com elementos e situações estranhas que, introduzidos lentamente, discretamente, e às vezes assumindo formas elegantes e sedutoras, se infiltram no corpo e passam a fazer parte dele, dominando processos biológicos, podendo estes interferir no processamento cerebral-mental, porta de conexão entre mundo material e mundo espiritual.

A luz é outra necessidade fundamental. Ela nada mais é do que a sublimação da matéria ao grau máximo. Não se lista ela justamente pela sua característica universal. Ela é não-enquadrável em si mesma. Helioterapia é tomar quantidades de radiação solar para ativar algumas vitaminas (moléculas com função vital específica). Ela deve ser diária e em horários adequados. Quem vive encerrado diariamente dificilmente tem essa oportunidade. O paradoxo é que nossa sociedade industrial fixa essa regra como necessidade suprema de sobrevivência material, obrigatória, induzindo-nos à repetição e consumo desnecessários, estrangulando-nos aos poucos. Estranha lógica! Dá se pseudo-vida à custa da vida de fato. E isso justamente por termos nos afastado lentamente do contato com a natureza. Nos seduzimos pela ciência, que se plasmou em tecnologia e anima nossos desejos e projetos de vida. Nos encantamos pelo pensamento racional, uma explosão mental despertada na Renascença (séc. XVI) e desenvolvida por meios de ciclos tão ascendentes quando destrutivos - porque não guiados pela intuição espiritual, sintética e orientadora. Com isso veio o espasmo da Ciência material (Pascal, Galileu, Newton), Iluminismo (ordenação do saber), Gênios artísticos (Beethoven, Tchaikovsky, Mahler, Rachmaninoff,...), Revolução Francesa (política / sociedade), Revolução Industrial (economia / tecnologia) e desenvolvimentos lógicos de bases plantadas no século XIX. As consequências se estendem e desenvolvem em ciclos mais refinados e insustentáveis, porque não pautados pela intuição...

ALIMENTO
O alimento é uma combinação orgânica que fornece elementos elementares, carregando em doses adequadas outros elementos essenciais ao bom funcionamento dos sentidos e órgãos e processamento. Ele influencia no físico e no mental. Sua carência quantitativa ou qualitativa se manifesta como deficiência. Essa pode assumir duas formas, conforme se caminha para um exagero ou outro (ausência). Nesse quesito o que devemos saber é o seguinte: precisamos do suficiente com a qualidade necessária. Os prazeres alimentares podem induzir a vícios crescentes, nos desprendendo da base da vida e consequentemente nos fazendo dispender mais tempo e energia para adquirir recursos para a compra de coisas desnecessárias.

Com a expansão da ganância alimentar invadimos outras esferas da vida individual: as posses. Nos alimentamos de bens além da nossa capacidade de usá-los para proveito próprio ou adjacente (auxílio fraterno), consumindo bens num ritmo frenético e com atributos desnecessários. Pior: tornando necessidade o luxo, sendo este mera desculpa para satisfação de instintos.

Só se deve adquirir algo se for feito uso benéfico e eficiente. Para si e para o entorno. Desde o curto até o longo prazo. Para avaliar isso é preciso ter desenvolvido a faculdade de discernimento. Ela não se adquire na escola ou universidade, e sim na vida, com a sensibilização psíquico-nervosa. Não se trata de impor um pensamento, e sim apenas apontar em linhas gerais qual é a finalidade da vida. Entrar com exemplos práticos pode ser contraproducente, uma vez que certos leitores podem inflar seu ego e se sentirem atacados em seu modo de vida particular, que julgam ser correto e de seu direito. Mas nem sequer o autor se julga com esse direito, se questionando constantemente, revendo seus conceitos e se expondo a vivência intensa de realidades necessárias. 


ABRIGO
Uma idéia incapaz de sobreviver a sistemáticas investidas violentas não é digna de sobreviver.

Digo mais: quanto mais sublime a idéia, mais ela tende a fortalecer-se com os ataques. De repente percebemos que muitos questionam ou atacam não para destruí-la, e sim testá-la até ao nível de alicerce. E se resiste e cresce, se tornando mais bela e forte, demonstra-se o poder construtivo da dor, seja ele praticada por agentes inconscientes ou pela Lei de Deus. Estamos diante de fenômeno sublime que encanta espíritos sensibilizados de forma intensa. E mesmo àqueles presos à razão ou aos instintos não podem deixar de ficar paralisados ao sentir em si mesmos uma corda vibrando. Eles não compreendem mas se assombram com esse desconhecido. A sensação é ímpar e envolvente. Ela domina sem exercer uma gota de energia. Ela encanta e convence pelo simples fato de SER sinceridade máxima. Partindo-se de um conceito extremamente simples bem conduzido chega-se à compreensão dos mais complexos fenômenos sociais, políticos, econômicos, psicológicos, morais, científicos, afetivos, científicos. 

Subindo na pirâmide chegamos ao abrigo. Este nada mais é uma extensão do alimento. É a necessidade de conservação, segurança do indivíduo e da família. É a vestimenta, é o colchão financeiro para os tempos de penúria. É a proteção das intempéries ambientais. É a privacidade, em que as idéias e opiniões e afetos podem se manifestar sem temor de represálias (teoricamente). É o Lar, direito de todo ser humano. Lugar onde se exerce a individualidade de forma mais intensa, para que a atuação social seja cada vez mais efetiva e coordenada. Para que a aceitação seja maior. Espaço que deve ser usado para reflexão. É a propriedade necessária. Não deve ser mais sofisticada a ponto e que essa sofisticação prejudique alguém - direta ou indiretamente. Novamente vemos o discernimento como elemento balizador da evolução interior que dita as necessidades exteriores.

AFETO
No topo da pirâmide temos o afeto, base da unificação. É aí a gênese das famílias, uniões não apenas para perpetuar a espécie, mas para desenvolver as capacidades intuitivas latentes e satisfazer os instintos. Geralmente sentimos a necessidade dessa última, mas no íntimo temos vago sentimento de que existe um algo-a-mais que nos leva a escolher uma pessoa e um grupo. É aí que reside a chave para a evolução. A intensidade da experiência afetiva permitirá o desenvolvimento virtuoso e orientado de toda inteligência analítica, a razão. Ele alimenta-a por trás, sem aparecer. É a força sutil do espírito que nos impulsiona a aprender o antes chato, o hoje interessante, e o amanhã fascinante.

Com isso construímos a pirâmide das necessidades fundamentais descritas pelo Eduardo. Pirâmide que é síntese das necessidades e finalidades da vida. Em todas existências, em quaisquer circunstâncias.

Pautar a Vida por essa hierarquia nos levará a eliminar inutilidades e construir nossa personalidade ao longo das diversas existências. Mas isso requer atitude constante e convicta, sem se importar com circunstâncias temporárias e aparentes.

Eu creio que podemos sair desse labirinto.

Mas precisamos de VONTADE.

Vontade de EVOLUIR...

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Link recomendado:    https://www.youtube.com/watch?v=NMn_1rQ3sms
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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A FELICIDADE TRANQUILIZA - A INFELICIDADE INFERNIZA

Existe uma evidência muito clara que indica se uma pessoa está ou não contente com o que está fazendo, seja no trabalho, seja nos estudos, seja no convívio social. Basta olharmos se essa pessoa está preocupada com o que está acontecendo ao seu redor. E se, além disso, sente um ímpeto ardente de vigiar e controlar pessoas.

Preocupação indica carência interna, que pode ser traduzida como alguma vontade do ego humano não satisfeita. Pessoas assim abundam. Somos todos sujeitos a imaginar o que os outros estão fazendo, como estão fazendo e por que fazem. Especialmente nos empregos ou locais onde seja explícita a relação hierárquica de subordinação. Queremos exercer controle externo porque não somos suficientemente preenchidos internamente - por falta de contato com o Deus imanente que reside em nós. Essa realidade (presente) são causa de grande parte dos males da humanidade - se não todos.

Transformismo.
Desde minha adolescência comecei a me tornar quieto e retraído. Tinha dificuldades de expressar minhas ideias e sentimentos. No entanto, ao longo dos anos percebi que - aliado a essa característica - minha mente e espírito estavam em trabalho incessante, constatando cada detalhe (a princípio), e formando sínteses (a seguir) dessa miríade de fatos, eventos e opiniões. Isso me deu uma relativa tranquilidade, pois me convenci de que todos esses anos "parados" foram de fato uma espécie de preparação para uma série de ideias e atitudes que eu iria adotar. E me certifiquei também de que o mundo acadêmico, racional, científico, seriam incapazes de fazer essa elaboração de substância. Anos de maturação interior. Incubação que antecede uma eclosão.

A vida começou a ficar mais clara. De repente ia me dando conta de que ao fim de cada período "inútil" eu conquistava alguma qualidade capaz de libertar minha mente de algum fantasma que o imaginário coletivo inconsciente inculca na mente de todos nós quando descemos a este mundo. Isso a universidade não ensina, apesar de apontar caminhos - se a pessoa possuir uma sensibilidade capaz de ler nas entrelinhas.

Essa sensibilidade foi aflorando à medida que os golpes do mundo iam sendo aplicados. Eu, ao invés de seguir os caminhos normais, conhecidos, já trilhados - para acabar com a dor - optei por abraçar as decepções e indignações. Alta tensão a ser trabalhada para virar corrente bem orientada. E com isso as ideias e os conceitos começaram a brotar. Finalmente eu estava superando o mundo. Não pela razão, e sim pela intuição - muito mais poderosa. 

Evolução, evolução, evolução.
Só se foca no mais (desconhecido). Afirmar o mais desconhecido
para superarmos o menos conhecido - e cada vez mais triste.
Com essa capacidade de observação e filtragem, adotei uma atitude da seletividade. Pois queria desenvolver tudo que estava se formando na minha mente e espírito. E logo me dei conta de que o único modo de continuar o caminho era me tornando o caminho, porque estava adentrando em terreno novo para o mundo. Terreno ainda não sistematizado, quantificado, reconhecido. Essa loucura me deu uma força que jamais teria obtido seguindo os métodos do mundo, e desde então nunca deixei de seguir esse ímpeto interior.

Eis que (voltando ao tema) começo a perceber uma verdade fundamental, mas pouquíssimo compreendida pelas pessoas: quem realmente trabalha não deseja controlar o outro. E como consequência existe menor vontade de compensação - seja via consumo ou controle de alguém.


Reparem no seguinte: a pessoa "normal" (i.e, adaptada ao mundo) passa 8, 9, 10 horas no escritório ou oficina e adquire bens e serviços para si. A maioria desses bens e serviços não são realmente necessários para que ela viva bem, mas no entanto essa pessoa deseja ardentemente adquiri-los porque ela "merece". O que isso significa? Vocês já pararam para refletir sobre o significado disso?


Se alguém "merece" algo é porque ela sofreu algo. 


Ou melhor, ela tem direito a algo. E quem reclama direito é porque tem uma necessidade fundamental não satisfeita. No caso dessa necessidade ser inacessível (muito profunda, como tempo livre, convívio familiar, ter uma ocupação que lhe agrade, afetos, entre outras) ela preenche o vazio com o consumo de bens e serviços com frequência e intensidade muito além do necessário; e/ou com a imposição de sua posição social ou autoridade sobre outra pessoa - sem motivo.


Obs: Por "reclamar direito" entenda-se: "descontar frustração nos outros maquiadamente ou no consumo conspícuo". Não se trata de combater os direitos constitucionais conquistados com sangue e suor ao longo de séculos de lutas.

E quando compreendemos isso a vida fica muito interessante. Pessoas que desejam controlar ou impor algo a outra são de fato pessoas com problemas internos. E por mais que escondam e sejam astutas em maquiar sua realidade miserável, percebe-se essa pobreza simplesmente pelas atitudes da mesma.

Basta observar atentamente. Se alguém está realmente entretido com o que faz, não importa se todos à volta estão fazendo outra coisa ou estão ausentes ou estão batendo papo (desde que não atrapalhando o sujeito). Essa pessoa está vivendo o fenômeno e nada mais lhe interessa. Se encontra imersa num mundo paralelo e já está recebendo o que deseja durante o próprio ato de criação ou execução. Essa pessoa não irá depois querer ver se o outro fez o tanto que ele fez, ou se os outros não estão dando duro o suficiente. Ela simplesmente se divertiu.

Eduardo Marinho: biótipo do futuro. Nasceu no céu social,
mas não encontrou sentido na vida. Desceu ao inferno
social e encontrou sentido para a vida. 
Infelizmente momentos assim são raros. Porque as condições são desfavoráveis. Temos ambientes e jornadas (de trabalho) que inviabilizam o bem-estar interior, as relações, o convívio, e mesmo o desenvolvimento das faculdades das pessoas. Temos rotinas que nos foram impostas sem que tivéssemos a oportunidade de questioná-las; não podemos conceber outras formas de vida. Nossas mentes foram condicionadas a abraçar uma mentalidade racional - uma forma mental que foi se intensificando até culminar no capitalismo em sua forma neoliberal. Uma mentalidade que se julga o ápice da evolução. Uma mentalidade que se separou do Universo completamente nas últimas décadas. A Natureza e o Além. Nos divorciamos mentalmente do infra-humano e do supra-humano, nos declarando deuses. Essa razão luciférica sozinha não irá nos levar adiante nessa longa jornada evolutiva.

Essa realidade é constatável em todo mundo. Nos ambientes de trabalho (alienado) e de consumo (conspícuo), que abundam e são duas faces da mesma moeda, isso é muito mais evidente. Porque esses meios são propícios para a manifestação dos instintos sob vestes de "contribuição social" e "gozo". Mas a grande verdade é que essa "contribuição social" se revela uma grande farsa, pois a vida de quem segue o modelo vigente se revela cada vez mais vazia de significado, e em grande medida prejudica indiretamente o bem-estar de outros. Prejudica de forma muito sutil (observem o mundo à fundo) comunidades, famílias, ecossistemas e cultura. Rejeita o mais afirmando o menos como o mais. Ignora-se o porvir por ignorância. Ignorância que gera medo. Por outro lado, esse "gozo" nada mais é do que degradação interior por falta de vontade de superação. É uma necessidade de compensação por todas misérias sofridas interiormente. Misérias que não se manifestam porque mal vistas pelo grosso da sociedade. Misérias não-tratadas porque nem ouvidas - muito menos compreendidas. Misérias que culminam nas compras sem sentido, nas atividades vazias e na agressão de minorias. Misérias que realimentam um trabalho que não merece tal nome. Um "trabalho" feito repetidamente, que é meio para fugir de problemas afetivos e também evitar cair no que a mentalidade hodierna crê ser o fim de tudo: exclusão.

A humanidade como corpo coletivo está cavando a própria cova. Está gerando a própria ruína ao colaborar com seu ego luciférico. Um ego que sustenta um sistema que não mais é capaz de atender as necessidades do Ser do Terceiro Milênio. No entanto alguns indivíduos se destacam das massas financeiras, intelectuais ou populares [1]. Indivíduos que podem vir de qualquer meio e pertencer a qualquer classe ou etnia. Indivíduos que podem ou não ter formação específica. É aí que residem as setas que apontam para cima. Precisamos sair do labirinto da horizontalidade racional para ascender a um plano de intuição. Para isso precisamos nos mover na verticalidade mística interior que temos, e assim começar a agir efetivamente para libertar nosso Ser e todos Seres desse plano em erosão.

Temos o Dever de nos libertarmos de uma forma mental.
Temos o Dever de nos conscientizar da Realidade.
Temos o Dever de sair do lugar-comum.

Somos profundos e belos, mas não manifestamos essas belezas profundas.
Queremos ter muitas coisas vazias, mas não percebemos essa auto-intoxicação.
E quando temos, queremos mais e mais e mais...
E nosso SER diminui e diminui e diminui...
Essa é nossa miséria.
Foi assim, é assim...
Mas não precisa ser sempre assim.

A miséria material só existe porque a maioria dos que tem poder e influência são espiritualmente pobres.


Pensem nisso, reflitam sobre isso, sintam tudo isso, vivam isso.

Na carne, na mente, no espírito...

Sem Dor não há Salvação.


Notas
[1] Noam Chomsky, Scott Santens, Ricardo Sempler, Amit Goswami, Domenico De Masi, Vincent de Gaulejac, Huberto Rohden, Leonardo Boff, Pietro Ubaldi, Vladimir Safatle, Leandro Karnal, Márcia Tiburi, Eduardo Marinho, Carlos Novaes. 

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

V - EM BUSCA DA UNIDADE DAS CONSCIÊNCIAS

V de Vingança é um daqueles filmes que são um pico discreto num mar de produções milionárias com baixo teor de emoção e conteúdo humano. É a forma que um ideal encontrou de se inserir no mundo sem sofrer nenhuma censura da forma mental dominante - uma ideia que se materializou em celuloide de modo a manter sua essência e potência de ação. Trata-se de um grande feito de síntese entre a realidade técnica regida por leis férreas e o ideal criativo e destemido que segue um impulso ascensional. Superação de si mesmo para que o mundo supere a sua realidade presente, criando uma nova realidade. Mais sincera, mais reta e mais eficaz.

Quem é o V? Evey responde ao inspetor irlandês: V é ela; é seu pai; é ele (o inspetor Finch); é Tudo e nada. V é o ímpeto ardente que se desenvolve em cada alma humana e busca a cada ciclo de vida a superação de uma realidade cada vez mais triste e superficial. V é um ímpeto que se forjou após receber marteladas incessantes. V é o Espírito destrutivo que após descobrir o Amor se reconhece como tal, mas ao mesmo tempo precisa cumprir sua função para que ele (o Amor) possa construir um novo mundo, completamente diferente deste e dos que houveram. Um mundo pautado por outras prioridades e dono de grande sensibilidade. 

V: em busca de vingança.
Com isso, serve a fins superiores.
Ferramenta de ascensão. Além do bem e do mal.
Estamos diante de um filme que dialoga com sua época: faz uso dos efeitos visuais e sonoros; possui uma trilha sonora intensa; possui diálogos rápidos e incisivos; tangencia temas universais e - acima de tudo - possui personagens atuantes profundos

V de Vingança é mais do que um filme; É um filme que capta o transformismo que rege o Ser humano. De 5 a 5 de Novembro, no espaço de um ano, o triângulo transformante e transformador (V, Evey e o inspetor Finch) cumpre sua função de mudar sua perspectiva, ou melhor, ampliá-la, o que ocorre à medida que o catalisador (V) dá uma declaração convicta do que pretende fazer em rede nacional: explodir o prédio do Parlamento - uma referência à queda da Bastilha talvez...

Visões diversas são mostradas no decorrer do filme de forma sucinta. Percebemos a mídia alienante que reproduz notícias em função do interesse do Poder. Percebemos o poder da Igreja que se aproveita dos ideias para exercer os instintos; Vemos o povo, no íntimo de seu lar ou grupo de amigos, sujeitos a uma rotina maçante mas necessária. Necessária porque até aquele dia ninguém foi ousado o suficiente para externalizar sentimentos universais e cada vez mais desejosos de ter sua gênese declarada pelos sentidos do mundo. Percebemos o que ocorre nos bastidores - local onde a lógica do poder traça suas diretrizes. 

Evey: em busca da compreensão. Amor em busca de
explicação. 
O que acontece na cena final, quando todos militares - armados até os dentes - se deparam com um povo convicto? Um povo sem medo nem esperança - e portanto invencível. Um povo que num momento histórico está além do dualismo, se desprendendo tanto de positivo quanto negativo para ascender e gerar um novo positivo e um novo negativo. Pólos mais elevados na verticalidade evolutiva. Esses militares, sem líderes...sem saber o que fazer...simplesmente aderem ao bom senso: baixam as armas. Se comportam como a natureza quando se depara com seres altamente conscientizados, abrindo caminho. Caminho para transformação do Ser que se dá com duas ações simultâneas: 

Destruição da matéria, pela matéria - Construção do espírito, pelo espírito

Destruição do Símbolo - Construção do Simbolizado

Desprendimento do passado - Fluxo para o porvir

Disse um sábio há muitos séculos:
"Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto."  (João 12,24)

O que é destruído não é a Vida. É apenas um invólucro. É aquilo que (ainda) louvamos nesse mundo. É a posse desmensurada, as relações vazias, as atividades alienantes, os processos sem finalidade, as ações de espetáculo. Eis o porque do mundo considerar terrorismo e violência um ato de abandono e rejeição das coisas deste mundo. ´Trata-se de uma carência no seguinte sentido: não somos capazes de conceber formas de vida (relações, profissões, discursos, ideias, organizações) mais elevadas. 

Ansiamos pela verdade mas somos incapazes de vivê-la.

O novo mundo terá defeitos. Mas serão novos defeitos. Serão problemas que justificarão a existência de seres mais sensíveis psiquicamente. Seres à altura para trabalhar no plano dos conceitos e ideias. No plano da eficiência e integração. No plano da síntese e intuição.  Eis porque V deixa o mundo e Evey permanece.

V é o produto do mal que acaba se voltando contra seus criadores pelo bem daqueles que não tem a potência necessária para enfrentar o rolo compressor do mundo. 

V é UM mal mas não é O mal - por isso ele ama e Evey se convence de suas ideias.

V é aquele que atua pelo bem da forma mais eficaz - porque não perde tempo em sinuosidades.

V é aquele que conduz a dor do melhor modo possível - para que um pico intenso na história evite uma estrada longa, superficial e desnecessária.

V é necessário, mas não suficiente - porque o novo mundo é tudo que ele viabiliza mas ao mesmo tempo não vivencia.

Maravilhoso paradoxo! 
Aqueles que mais viabilizam o Novo Mundo são tão empenhados em sua atividade que não podem se dar ao luxo de se prepararem para atuar no mesmo. Eles abrem portas, portões. Derrubam muralhas e despertam mentes. São ferramentas que servem algo maior. Como tudo e todos. Eu, você, o vizinho, a família, os amigos, os governantes, os empresários, os cientistas, os poetas, os filósofos,..o povo. Toda humanidade.

Inspetor Finch: um homem bom que busca um
sentido em seu trabalho. Não é coincidência a semelhança
com o capitão Gerd Wisler de A Vida dos Outros
e o inspetor Javert de Os Miseráveis.
Quem é V? V é tudo e nada. Depende da profundidade de visão. Depende da sensibilidade daquele que recebe a mensagem. Por isso não é definível - como tudo que é Fantástico.

Quem é Pico e Vale vive Picos e Vales. 

Sem meio-termos. São aqueles que compreendem o mundo. Assimilaram a essência do passado que rege o presente e se lançam na Eternidade e no Infinito no intuito de encontrarem as forças criativas que estão subjacentes. 

O processo de transformação - despertamento - de Evey exige dor. 
É algo que vai além do entendimento intelectual e clama por um despertamento espiritual.

Se muitos pregam tanto que as dificuldades nos elevam, porque se abismam com uma ação intensa ,mas bem conduzida, que leva à ascensão? Somos ingratos às nossas dores. Elas nos elevam. Elas permitem nossa purificação. V tinha plena consciência disso ao fazer o que fez para Evey. Tanto é que ela o ama mais intensamente após passar pela sua catarse mística. Porque após superar essa barreira do som interior ela pode amar sinceramente e intensamente. Ela pode caminhar no mundo sem medo nem esperanças, livre do mundo para construir no mundo.

V de Vingança é uma "diversão" que clama por Trabalho. 

É o mais emocionante mergulho na Realidade.

Não é diversão nem ocupação - está acima dos dois. 

E por isso é o mais do ideal que abraça o menos do real, elevando-o.

Explosivamente,
Magistralmente,
Amorosamente...

Compreenda-o quem o puder...
Sinta-o quem o quiser...
Viva-o após compreender e sentir.


Zig

Estou divulgando uma vaquinha da minha namorada Vanessa para arrecadar recursos para o tratamento de seu gatinho chamado Zig. Como o tratamento é caro e ela no momento está sem ocupação, isso é muito para ela. Eu já contribui com R$30,00 e pedi para alguns familiares ajudarem se possível. Divulguei no face também para ajudar. 

https://www.vakinha.com.br/vaquinha/zig-o-gato-precisa-de-tratamento-urgente

Se alguém se importa com causas animais ou conhece alguém sensível à saúde desses seres, peço que a ajudem na medida do possível. 

Caso alguém tenha alguma dúvida pode escrever para mim - leonardoleite.oliva@gmail.com

LLO

domingo, 11 de outubro de 2015

A PROVIDÊNCIA DIVINA ABRAÇANDO A PREVIDÊNCIA HUMANA

O Drama Milenar da humanidade é superar sua cegueira intuitiva. Nada mais, nada menos. Esse é o ponto fundamental; a questão inicial que levará às conclusões finais e atuação convicta e criativa. Uma atuação sem medo do mundo porque apoiada em ideais de outro mundo. Um mundo possível, realizável, e desejoso de nascer - cada vez mais intensamente.

De um simples problema comum, e portanto universal - a dor causada pela inconsciência - temos a oportunidade de partir para uma descoberta ímpar dentro de nós mesmos. E com isso ensaiar esboços de ideias. Ideias baseadas em conceitos fundamentais que norteiam os seres conscientes desde o advento da humanidade. Viver para Ser. Ser para Agir. Agir para Transformar. Transformar a si mesmo e ao mundo.

É um erro desejarmos eliminar a bipolaridade que impera em várias esferas da vida. Uma serve de contraponto para o desenvolvimento da outra. É impressionante perceber quantas pessoas "de bem" e "educadas" que advogam o equilíbrio e a compreensão tentarem ignorar e eliminar (discretamente) aquelas instituições ou indivíduos que não defendem a sua concepção da vida. Por que ao invés de entrar nessa guerra de eliminação essa pessoa não se dedica a um trabalho de cooperação? Se suas concepções forem realmente englobantes, com perseverança e paciência ela tenderá a aproximar os pólos, fazendo-os operarem em prol de algo Maior (Finalidade).


O rio de nossa vida é banhado pela luz divina quando
a nossa consciência se torna universal e transformadora.
O trabalho de conscientizar seres é tarefa árdua e ingrata. Quanto mais paciente e persistente, mais medo da parte daqueles que desejam se manter presos à "realidade" - uma realidade superficial que massacra cada vez mais vidas por se considerar a última realidade. Não querem ver a Realidade, que mais intensamente se manifesta nos momentos de diferenças de ideias, na miséria das ruas, nas crises mundiais. Em vez de escutar e tentar compreender, foge-se da luta. Tolerância zero, conforto máximo. Mas queremos passar a idéia de sermos pessoas extremamente batalhadoras, que enfrentam as mais diversas adversidades do dia-a-dia e nenhuma satisfação devemos ao estado calamitoso do mundo - mas sempre tentamos relacionar nossos nomes e ações a algo bom que ocorreu por onde passamos...

Almas desesperadas são aquelas que criam valores e lutam incessantemente pela unificação do mundo. Isso pode significar mostrar as misérias e suas causas - o que incomodará muitos - e estabelecer a relação entre eventos "não-relacionados" (à priori). Significa ser Previdentemente humano para não pesar aos outros e dar exemplo, e ao mesmo tempo crer na Providência divina - sem jamais abusar da mesma. 

Ser Previdente. Crer na Providência.

O erro da humanidade é abraçar fervorosamente um pólo e abandonar outro.
Vive-se pobremente (espiritualmente, materialmente. ou de ambos...).
Somos assim...seres de pequena envergadura interior...
Não somos capazes de nos expandir e tocar ambos pólos, aproximando-os gradativamente.

Ser Previdente é aceitar a matéria sem (no entanto) afirmá-la como ponto culminante.
É reconhecê-la sem adorá-la. 
É se conscientizar das necessidades de acordo com suas potencialidades.
É dar o devido valor a um meio.
É reconhecer que precisamos de menos do que imaginamos para vivermos bem.

Crer na Providência é sentir o transformismo que rege a Vida. 
É aceitar o poder do imponderável.
É garantir a sobrevivência da única coisa imortalizável: Sua Alma.
É ser ousado para seguir sua consciência, suas convicções mais íntimas, seus sonhos e ideais.
É fazer ensaios, tentando transformar em teorias, palavras e atitudes todas suas visões.
É integrar o que o mundo vê como antítese.
É elaborar uma síntese.

É reconhecer que tornar o necessário difícil é atrasar o trabalho evolutivo - o Verdadeiro Trabalho.
É amar a miséria não pela miséria em si - mas sim porque nela se revelam as verdades mais Profundas. Verdades que são a chave para a transformação de si - e do mundo...

Combinar os dois é difícil porque a mente humana é puramente analítica e intelectual em seu atual estágio evolutivo. Ela não vê nada além. Ela só crê em dados e fatos. Ignora o subjetivismo e enaltece o objetivismo - e com isso as causas permanecem distantes.

Se um ser se dedicar integralmente à melhoria do mundo e possuir condições para isso, é certo que a essa pessoa nada faltará para cumprir sua missão. O mundo pode lançar ataques e armar ciladas das mais diversas, mas em momentos críticos, contra todas as circunstâncias construídas pelo intelecto luciférico, as forças que deveriam atingir um alvo completamente desprevenido (por se dedicar a fins máximos) inexplicavelmente se voltam contra os agentes. E assim o pequeno ser é protegido pela providência. Isso ocorreu com algumas personalidades ao longo da civilização. De forma magistral. Somos incapazes de explicar, atribuindo ao acaso. Mas quantos "acasos" precisos tivemos com os seres mais retos !

O mecanismo é complexo para a mente humana. Não atingiremos a noção de sua potência com pensamento puro. Precisamos refletir e sentir os fenômenos evolutivos que governam a vida, conduzindo sabiamente nossos estudos e pesquisas.

Persistir sinceramente é se abrir ao diálogo e elaborar algo a mais. Não devemos reproduzir além do necessário - ideias, invenções, estudos, modos de vida. Precisamos dedicar o necessário do tempo, energia e mente para nos mantermos bem no mundo, e lançar todo restante para esse "Mais".

Ai de quem tem (recursos, condições, instrução) e nada faz !
A esses será maior o peso da Realidade.

Não é fácil. Muito pelo contrário. Mas num dado momento a consciência se dilata a ponto de nos convidar irresistivelmente a arriscar numa jornada ímpar. Uma jornada interior tão intensa que se revelará exteriormente em silêncio. Mas o mundo se engana quando avalia. Porque ele faz isso com base no barulho imediato e nas ações sem convicção. Estas tendem a ruir com os dias, meses, anos ou séculos. Não perduram. Mas grandes potências se organizam nesse período de incubação. Somente quem sentiu sabe.

Sejamos Previdentes, rejeitando o consumo de bens inúteis e desagregadores.
Tenhamos crença na Providência, para nossa vida não ser vazia e sem sentido.

Rumo à consciência intuitiva-sintética para solucionarmos os mistérios ainda não desvendados pelo intelecto analítico.

Compreenda-o quem o puder.

sábado, 29 de agosto de 2015

Página interessante

Essa página é só para atestar que não sou uma voz (completamente) solitária.

https://medium.com/basic-income

Existem muitas pessoas em muitos lugares conectando os fatos e percebendo o transformismo do mundo e a profundidade das coisas.

Os artigos vão à fundo e coletam referências e experiências - além de se basearem num forte senso intuitivo. 

Enquanto isso muitos ainda dormem no ponto e intensificam o modo de vida aceito. Mas o mundo não evolui com um exército de conformados estagnantes e sim com uma parcela de bandeirantes da dinamicidade evolutiva - que incomoda e exige trabalho duro.

Despertar mentes.

Eduzir o Deus imanente. 

Evoluir...

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Trégua

Por ora preciso me dedicar aos estudos e à pesquisa (coisas que me agradam muito). 

Minha vivência precisa se intensificar para que floresça a inspiração.



Abraços,
LLO

sábado, 18 de julho de 2015

BUSCA INFINITA NUM MUNDO FINITO

Ó grande Pai, por onde andavas Tu quando eu estava perdido e faminto?
Ó grande Pai, o que fazias Tu enquanto minhas dúvidas se acumulavam?

Na minha ignorância espiritual eu não te encontrava, e com isso buscava no mundo as soluções dos problemas mais profundos da existência - mas nunca atingindo a essência.

Busquei da melhor forma. 

No início aceitava o que o mundo apontava. 
E me senti cada vez mais engessado numa dinamicidade mórbida de aparências...

Depois decidi começar a frear e olhar para detalhes - meus e do mundo.

Pensei e pensei. Depois parei. 
Sempre que podia, parava e refletia.
Sempre que andava, não falava mas pensava.
Sempre que estudava, buscava o que não encaixava.
Sempre, sempre...

Tão perto, tão longe...
O longe nos dá liberdade destemida de transcender o mundo.
O perto nos dá segurança edificante de construir no mundo.
Besteiras aparentes...
Mas dentro delas havia algo oculto e cheio de significado.
Pois tamanha era minha persistência.
E tão impetuosa a intensidade da insistência.

Amei o que não existia - que o mundo temia.
Chorei pelo invisível - que no mundo era ficção.
Estudei o pouco prático - que o mundo ridicularizava.
Unifiquei os antagônicos - que o mundo vê como objetos de combate.

Amei, chorei, estudei, unifiquei.

Depois guardei tudo, bem escondido, numa caixa bem profunda. Uma fortaleza inexpugnável cujas chaves nem eu sabia onde guardava. Uma fortaleza tão sutil que era inatingível pela minha mente e meus sentimentos profanos. Uma fortaleza imponderável que atuava inconscientemente para proteger aquilo que eu queria expelir para fora, na ânsia de poder morrer com tanta tensão. 

E lutei e lutei e lutei, persistindo nas minhas crenças e valores.

Valores com os quais o mundo era incapaz de lidar.
Valores Reais, aquém das premissas e além das finalidades - deste mundo.

Valores filosóficos além das filosofias humanas - que brigam ideologicamente.
Valor que é Filosofia Integral, englobando as verdades relativas de todas filosofias.

Valores religiosos além das religiões humanas - que se combatem ideologicamente.
Valor que é Religião Universal, abraçando as verdades relativas de todas religiões.

Valores que englobam e abraçam, unificando meu Ser.
E meu Ser, ao se conscientizar de sua Unidade, se torna íntegro no agir - poque se conscientizou da sua unidade essencial.

E eu mesmo, na minha pequenez, tento me deixar englobar por uma Verdade que supera todas as verdades - sem no entanto as negar. A Verdade Absoluta, a Divindade, o Poder Infinito e Eterno da Verdade Integral. 

O silêncio diz. O vazio preenche. O nada fazer prepara para
o reto-agir. Compreenda-o quem o puder.
E assim corro e ardo e sofro e aceito o que o mundo vê como inaceitável.

Paro na rua e vejo a miséria e a verdade em rostos esculpidos pela insensatez do mundo.

Paro e penso. Depois deixo de pensar, porque se continuar chegarei às mesmas (pseudo) conclusões do mundo. E assim começo a sentir.

Sento e escuto, já sabendo que do mundo rico e bonito e produtivo e estudado nenhuma felicidade fui capaz de encontrar - seria eu louco e perigoso?

Ao escutar eu me vejo no outro. Eu percebo a única coisa que deve ser percebida: de que eu e o outro, em nossa distância social, econômica, educacional, histórica e genética aparentemente enorme, somos irmãos em espírito. Afinidades, conceitos e buscas alinhadas. O resto é mero detalhe. 

Detalhe tornado como centro pelo mundo. 
Detalhe louvado e cultuado pelo mundo. 
Detalhe que marginaliza o único valor que deveria conduzir toda a ciência: a essência.

E depois de escutar...silêncio.
Dentro de mim começo a sentir.
O sentimento de dentro se encaixa no sentido de fora.
Um sentimento além dos sentidos. Além do intelecto. E aí começo a sentir o poder oculto...

Ó Deus interno! Quão grande é a sua Luz!

E me conscientizei de que sem dor não há salvação.
E de que essa dor tem um significado profundo e sublime quando vista sob um prisma cósmico.

E agora meu querer e meu dever se encontram cada vez mais próximos.
Minha alma arde em busca de mais.
Meu tempo é curto, apesar de ter enorme quantidade dele pela frente.
Minha energia é limitada, apesar de minha saúde e vitalidade.

Tudo é um milagre quando nos conscientizamos da
presença divina - em nós e em tudo.
Por que?

Porque minha consciência cresce vertiginosamente, se tornando a cada dia mais dilatada e com sede de cada vez mais Realidade.

E assim os estudos deste mundo ganham um novo significado.
E tudo se explica magistralmente numa verdade profundamente filosófica e belamente artística.

Nossa Ciência é mera ferramenta para uma finalidade além de si mesma.
Nossas posses são mero acessórios para atuarmos nesse mundo material - trazendo mensagens espirituais.
Nosso corpo é bem temporário, cujo uso deve ser equilibrado. Ele deve ser são sem ser objeto de culto - nem nosso nem alheio.

Tudo orbita em torno da Unidade.
Pela Unidade.
Para a Unidade...

Mas - que maravilha! - a diversidade permanece visível e respeitada.
Nada de diluição.
Apenas integração.

Diluir é desfazer as diversidades empobrecendo a Unidade.
Centralizar uma diversidade é desrespeitar as diversidades e ir contra a lei universal.
Integrar é manter as diversidades operando em prol da Unidade.

Diluir, Centralizar ou Integrar?

Diluir é do panteísmo inerte.
Centralizar é do egoísmo dualista.
Integrar é da consciência monista.

Qualquer que seja a raça, sexo, religião, profissão, origem, etnia, classe, partido, ideologia, idade, estudo.

As diversidades, queiram ou não, são regidas por uma fenomenologia imponderável que supera qualquer elucubração analítica da mente. 

É uma questão de humildade conscientizada - porque sofrida, sentida e vivida no âmago.


O sábio usa das coisas do mundo para preparar terreno para novos progressos.
Ele sabe da sua ignorância. E por isso não tem tempo a perder.

Ele trabalha a cada momento.

Esteja ele deitado numa rede, lendo um livro, vendo um filme, ouvindo uma música, conversando com alguém, ensinando seus alunos, fabricando um utensílio, andando pela rua, compondo uma música, escrevendo um texto, contando uma história,...

Porque nosso Eu divino opera na simultaneidade.
Cada movimento - físico ou metafísico - deve prestar constas ao Deus imanente.

Os maiores servem.
Os menores são servidos...

E tamanha é a pobreza dos servidos, que eles precisam propagandear que a finalidade da vida no mundo é ser que nem eles.

Porque a pobreza demanda reconhecimento.

Por outro lado, os servidores convictos nada desejam em troca, porque já são ricos e suas próprias atitudes são um auto-reconhecimento.

Sua pequena humildade supera a grande exaltação.

E hoje vejo tudo isso.
Por caminhos estranhos me conduzistes, Deus!
Mas graças a eles cheguei à iluminação.

E isso graças ao meu Eu espiritual, que é parte da sua Substância Divina - e não do meu ego humano.

Jamais eu, na minha pequenez e ignorância, seria capaz de me conduzir tão sabiamente para me tornar o pouco de Alguém que me tornei hoje. 

Eu temeria cada passo, recuaria diante de cada chicotada, estremeceria diante de cada vitupério -
se soubesse dos vales que haviam pela frente.

E gozaria cada passo, abraçaria insanamente cada pedaço de matéria, e me embebedaria de cada elogio, me afundando em superfluidades - se soubesse que os picos não são para montar tenda.

E assim evitaria as dores e glorificaria os prazeres, afogando meu Ser cada vez mais...

Mas Tu, ó Grande Anônimo, soubestes me conduzir e me apontar setas !
Tu, do Alfa ao Ômega, arquitetastes um Destino que me traria conscientização.

Conscientização de valor Infinito e de duração Eterna...

E busco cada vez mais de Tu, que és A Fonte Universal que mata a sede de tudo e de todos.


E sei muito bem Senhor: a jornada é longa e árdua. E cada momento de bonança deve ser usado ao máximo para revelar o melhor de mim, e com isso transbordar em atitudes convictas e poderosas, auxiliando os outros a atingirem as portas de sua experiência mística individual.

Ó Senhor ! Quão grande é Tua Sabedoria !

Sua ignorância é mais sábia do que toda sabedoria humana.

Sua maldade é mais benéfica do que toda bondade humana.

Tamanha é a distância que nos separa, Senhor!

Eu quero mais, sempre mais, daquilo invisível e imponderável.

Usarei do menos do mundo, da matéria inerte e corpo e energia e mente e sentimentos para chegar ao Seu mais que ninguém é capaz de definir.

Seu Infinito Mais que está em parte no meu finito mais.

Minha riqueza é Infinita.

Sendo assim o mundo não pode roubá-la.

Existe maior segurança do que essa?
Ser livremente seguro e seguramente livre.

Tua Verdade nos liberta de todos desejos dos sentidos.
Tua Verdade nos liberta de todos medos da mente.
E assim nos sentimos seguros para fazer uso consciente do que nos foi dado.

Eu te quero...
Sempre mais...

sexta-feira, 10 de julho de 2015

LÁ PELO ANO 2141...

Lá pelo ano 2141, as pessoas andam na rua e estão cada vez mais preocupadas com a violência e a pobreza e tantos problemas no mundo. Elas se tornaram incrédulas devido ao mau exemplo dos líderes religiosos; o mesmo se deu na política; e decidiram apostar totalmente na tecnologia, nas finanças e naquilo que chamam progresso: cuidar do corpo, da imagem e reputação social, da propriedade, e banir o sentimento metafísico. O sentimento só pode ser para o prazer, e a dor deve ser combatida com todos os meios. Além disso, a receita é ignorar ao máximo possível os problemas alheios - e os próprios. Mesmo que se estude cada vez mais em diversas ciências a interconexão entre seres, as pessoas vivem interconectado apenas para satisfazer os próprios prazeres. E afirmam que fazem isso porque um dia, se todos agirem assim, o mundo será perfeito...

Carros e shoppings e tecnologias cada vez mais demandantes de tempo, energia e dinheiro.
Casas maravilhosas em condomínios ideais para quem decide lutar e vencer os demais concorrentes - que fracassam, por falta de vontade. E muita companhia de pessoas "do bem" ao redor, que decidiram aceitar as regras do jogo deste mundo e triunfar. Não foi às custas dos outros, foi mérito próprio, afirmam todos os vencedores.

Por qualquer lado que se olhe, vê-se um bloco homogêneo que diz em uníssono: "nós agimos da melhor forma. a pobreza do mundo não é nossa culpa. nós não temos relação alguma com o mundo que falhou. nós vencemos por trabalho duro."

Nas ruas ou em situação economicamente frágil, milhões de cientistas, artistas, pensadores, filósofos, professores e estudantes não tem tempo para se dedicarem a seus afazeres. Eles estão em contante atividade. Mas pouco relacionada à sua finalidade, que é criar, gerar idéias, refletir, ler, estudar, conviver, debater idéias. Precisam se ocupar com ocupações "produtivas", gerando dinheiro e produtos que o mundo demanda. Parece um desejo insaciável, pois pede-se cada vez mais - apesar de cada vez menos terem acesso a esse universo.

Aumenta o número desses seres fracassados, que optaram por seguir seu sonho e não viam nada de interessante no "caminho do sucesso".

As revoltas aumentam. A polícia e a propaganda e as instituições econômicas tentam controlar. Mas gasta-se cada vez mais.

Apesar de tanto sofrimento, as pessoas persistem em seguir caminhos estranhos: querem escrever para exprimir idéias; querem voltar a estudar quando se aposentam; querem falar de temas "mortos"; querem compreender porque fala-se tanto e diz-se tão pouco; querem ter um pouco de tempo para caminhar no parque e um espaço para se dedicarem ao que gostam; querem viver uma experiência que não sabem descrever. Estão em busca incessante, e nessa jornada geram teorias e ideias e teses e compõem músicas e ajudam outros. Explicam e se educam. Amam ou tentam amar. E assim eles percebem que fogem do sucesso e do conforto. Querem a Verdade. Querem viver sinceramente e veem em profundidade - muitos dizem que trata-se de frescos ou revoltados.

São os que controlam por fraqueza geral. E assim formam grupos e dialogam.

Os grupos se fazem e desfazem rapidamente - sem nenhum motivo aparente.
Os diálogos são superficiais, e variam pouco.

A vida dentro dos muros é insípida e previsível. Mas é aí que (aparentemente) tudo triunfou.

Aqueles que ficaram de fora aceitam. Em sua imensa maioria pelo menos.
Entendem o visível mas não compreendem o que isso significa.

E por não compreenderem buscam algo diferente.
Nem dentro do muro, nem fora do muro.
Buscam algo além do muro.

E começam a ganhar uma confiança.

Nas últimas décadas surgiu uma doença aparentemente incurável. Ou melhor, ela vem se manifestando de modo a incomodar o mundo perfeito que os jornais e programas televisivos mostram e demonstram. Os cientistas não identificaram a causa. Pode ocorrer com qualquer indivíduo - mesmo os vencedores que residem dentro do muro. Qualquer...E quando atinge o zênite, torna a pessoa completamente imune a ameaças e recompensas. Considera-se a "loucura do século". Ela não é agressiva mas é determinadamente convicta. A pessoa se guia por "referências inexistentes neste mundo" (segundo relatos de enfermos). Falam ora ou outra num personagem quase esquecido pela História chamado Jesus, o Cristo. Se referem igualmente a seres que sentiam o mesmo: Pascal, Sócrates, Francisco de Assis, Agostinho,...Mas os exemplos mais citados são do século XX: Huberto Rohden, Teilhard de Chardin, Albert Schweitzer, Pietro Ubaldi e Mahatma Gandhi. Estes são os nomes mais citados.

Muitos deixam suas vidas - ou grande parte dela - para se dedicar a estudar e até viver um pouco como esses seres. Afirmam que é tudo "tão interessante, fascinante e, ao mesmo tempo, profundamente real" que largam todas compras, grupos, vícios e manias para mergulhar sua vida em apenas uma coisa. Dizem que isso, apesar de pouco, é muito e explica tudo. Mais: afirmam que esses seres, com sua essência e obras, resolveram os mais agudos problemas da vida pessoal e pública, e que passaram a ver tudo e todos de outra forma.

Livro muito citado pelos "monistas".
Não se compreende nada, mas muitos
se encantam com seu conteúdo...
Muitos se dispõem a arriscar sua reputação, suas posses, - e até sua vida - para seguir o que chamam eles mesmos de "consciência". E o mais impressionante é que, mesmo sendo minoria (não chegam a ser 1% da população planetária), eles se tornam cada vez mais numerosos. Ano após ano. Década após década.

Alguns morrem de fome. Outros são mortos. Outros ainda são relegados à exclusão social. Mas aparentemente não deixam de fazer obras e estudar. Parece que a maioria tem um medo muito grande desses seres. Tão grande que, ao identificarem um, decidem fingir que não o conhecem. E num segundo momento decidem afastá-los vagarosamente de certos meios, dificultando-lhes a vida material. Explicam o porquê disso baseados no "perigo" da "instabilidade" que essa minoria pode causar. Mas ao mesmo tempo, segundo relatos, alguns demonstram expressões faciais nunca antes vistas ao ouvirem esses seres loucamente diferenciados, que se expressam de forma logicamente poética, e poeticamente lógica. 

É difícil vencê-los numa discussão, porque eles, pouco falando, dizem muito ou tudo; enquanto a alguns da maioria, ávidos por impor seu ponto de vista, falam muito e dizem pouco ou nada.

Esses seres vivem distantes e próximos da sociedade simultaneamente.
A grande maioria cumpre suas obrigações cotidianas com zelo, mas percebe-se que dão pouco valor a elas.

Não se afastam por medo nem se aproximam por desejos.

"São movidos por uma força indefinível", segundo psicólogos e cientistas.

Uma pesquisa disfarçada foi feita para tentar compreender a natureza dessa doença. Esses seres falam sempre em "imponderável" e "amor" e "sinceridade" e "transformismo".

É tão difícil enquadrá-los como ameaçá-los, pois eles nada esperam do mundo - apesar de não o odiarem. E sua presença é enigmática e silenciosa. Eles exercem influência sem falar ou agir, segundo relatos. Ninguém sabe explicar do que se trata.

Alertas sobre essa "onda" circulam nos meios sociais "seguros". Isto é, em locais onde é raríssimo encontrar criaturas dessa espécie: lugares de altos negócios, de consumo, de jogos violentos, em academias ou cultos, em eventos barulhentos, em locais luxuosos ou congressos, em shoppings ou qualquer lugar que esteja relacionado unicamente (ou em grande parte) com físico, com dinheiro, com aparências ou com coisas do tipo.

Eis um deles:

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ATENÇÃO

Doença perigosa sonda todas as cidades, todos campos, todos meios sociais.
Em qualquer casa, seja rica ou pobre, ela pode germinar e se manifestar.
Qualquer pessoa está suscetível à infecção, seja qual for a sua religião ou ideologia ou raça ou ocupação. Mesmo jovens podem ser infectados. É mais rara em crianças, no entanto esse número vem crescendo cada vez mais. Trata-se de uma anormalidade inédita.

As escolas, a televisão, os rádios, a internet, as instituições tem cada vez mais dificuldade em curar essas pessoas. Ao que tudo indica, trata-se do "Mal do Século".

No momento não se sabe como esse vírus surgiu. Sabe-se apenas que ele afeta o comportamento da pessoa. Não há como apontar que o indivíduo foi contaminado, exceto por um detalhe: perde-se o interesse pelas coisas de nosso mundo.

Especialistas da teologia dizem se tratar de algo semelhante ao fenômeno do cristianismo primitivo - hoje pouco estudado nas escolas e universidades - em que milhares de pessoas estavam dispostas a sofrer e morrer, abdicando de vários bens e títulos e confortos, para seguir um ser morto crucificado. Mas o fenômeno atual é diferente, assim como os tempos, dizem estudiosos do caso.

A sociedade civilizada, tecnológica e financeira, após crises sucessivas - iniciadas no início do século XXI - decidiu expandir a propaganda para todas esferas da vida. Estudos científicos e trabalhos artísticos são controlados por forças econômicas cujos autores jamais se revelam. E raramente deixa-se um estudo ou obra ser divulgado se for "alterar muito o estado das coisas". No entanto, alguns especialistas afirmam que seres acometidos pela nova doença possuem tamanha vontade aliada à criatividade, que percebem tudo que ocorre à sua volta. E estão dispostos a serem fiéis às suas idéias mesmo que estejam ilhados. "Eles possuem sempre explicações eficazes, que às vezes fogem à compreensão de seus colegas", afirma uma professora.

Por se encontrarem em todos ambientes e serem serenos, é difícil convencê-los a seguir o ideal moderno ou induzi-los a algo que eles não aceitam 'por dentro'. Na verdade, eles geralmente demonstram - não se sabe como - que quem realmente não é fiel aos seus princípios são os próprios "seguidores de regras", que caem em contradição após meia hora de conversa franca.

Recomendamos cautela ao lidar com eles.
Não os excluam, porque isso aparentemente os tornam mais determinados.

Qualquer pessoa que venha a ter contato com uma pessoa que apresente esses comportamentos, é pedido que descreva as principais caraterísticas.
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Eles se dizem "monistas". Mas ao mesmo tempo não se associam em cultos ou compartilham uma ideologia comum. Nem possuem a mesma formação ou ocupação. Não excluem os outros, apesar de pouco se interessarem pelas coisas que se dá valor.

São firmes no discurso, mas serenos na condução dos mesmos.

Dizem que a humanidade tende a se tornar toda desse jeito. Um dia foi entrevistado um ser dessa natureza, mas o entrevistador não foi capaz de compreender algumas idéias. Ele se inquietou e decidiu realizar outras entrevistas. Nada compreendeu...Após alguns meses esse jornalista mudou seu comportamento e começou a chorar quando lia certas coisas. Além disso, buscava os autores citados como Rohden e Ubaldi. E livros sacros - hoje pouco disponíveis - como a Baghavad Gita e o Tao Te Ching. E se silenciou para sempre. Diz ter encontrado a "solução de todos seus problemas", apesar de levar o restante da vida com problemas e sofrimentos. Ninguém nunca o compreendeu...Diz-se que, após essa transformação, ele passou a sofrer alegremente e querer o que todos devemos - mas não fazemos. E se contentava com pouca comida, dinheiro, posses, sexo, reconhecimentos e demais prazeres da vida.

É tão assustador quanto fascinante.

Não se sabe como os órgãos competentes e a sociedade irá tratar com esse tal "monismo". Combatê-lo é difícil, pois ele aparentemente não é uma seita ou ideologia ou congregação espiritual. Não é enquadrável por se encontrar numa multiplicidade de meios. É - ao que tudo indica - uma situação ímpar na História.