sábado, 18 de outubro de 2014

REFLEXÕES SOBRE TEMAS (3)

"Ajude sem exigências para que os outros o auxiliem sem reclamações"

Caridade: ajudar sem exigências. É possível neste mundo. No entanto eu acredito que, para realizá-la de fato a pessoa deva estar num estado temporário de felicidade.

É raríssimo encontrar um ser caridoso quando algumas esferas de sua vida se encontram em desordem. O corpo se enfraquece com faltas e excessos, e isso afeta a alma, que por sua vez se torna incapaz de direcionar energias para atividades elevadas.

Pensando a longo prazo, é vantajoso ajudar sem exigências. Mesmo quando o ajudante estiver na penúria. Mas eu sinto que nos dias correntes raros são os seres com visão telescópica e paciência oceânica. Portanto, em termos práticos, a melhor forma de estimular as ajudas desinteressadas seria garantir condições de existência digna para todos.

Existe ainda um segundo empecilho à caridade: quando o indivíduo, apesar de boa saúde e conforto material, sente (consciente ou inconscientemente) ausência de algo essencial e intangível em sua vida. Nesse caso a falta de perspectivas enfraquece ou anula a vontade de ajudar o próximo. Há desinteresse em escutar o outro ou doar dinheiro (ou tempo). Porque não se vê sentido (ordem) em nada.

Para solucionar esse segundo caso acredito que uma boa dose de ajuda moral por tempo suficiente resolva ou amenize o problema. Essa ajuda deve vir de quem está num estado de felicidade temporário - porque neste mundo ela não dura muito.

Pode-se assim, para ilustrar a ideia, construir um triângulo subdividido em três partes, na qual o topo (3: felizes temporariamente) devem ajudar as bases (1: pobres material e espiritualmente; 2: pobres espiritualmente).


Como neste mundo a felicidade é temporária, existem constantes quedas (3 para 2 ou 2 para 1); e ascensões (1 para 2 e 2 para 3). Ciclicamente, revelando a imperfeição de nosso estágio evolutivo atua, que se apóia na materialidade externa. Esse processo pode ser de meses, anos, décadas ou vidas. Ou seja: o ajudante de hoje pode ser o ajudado de amanhã. E vice-versa. Portanto é prudente ter cuidado ao fazermos avaliações com postura absolutista.

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