segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A FELICIDADE NÃO SE COMPRA

Um elogio a uma vida, a um ideal, uma equipe.
Um agradecimento às pessoas que constroem e continuam construindo pontes entre o ideal e o real.

"A Felicidade não se Compra", nem se compara a
qualquer outra coisa. Me refiro à verdadeira felicidade.
George, Mary e Zuzu, sua filha caçula.
Existe um método muito eficaz para identificar se alguém é ou não rico. Basta observar o número de amigos que essa pessoa tem. E quando digo amigos, me refiro àquelas pessoas que, mesmo distantes, preenchem de alegria nossas mentes quando relembramos de momentos passados juntos. Pessoas que não te julgarão e te compreenderão, até nas suas atitudes mais insensatas. Pessoas que terão paciência em te escutar e te descobrir, mesmo que isso demore anos. Pessoas que estarão dispostas a “perder” tempo ao seu lado, ouvindo seus sonhos e alegrias e idéias a dores e que tentarão te conduzir a caminhos melhores, da melhor forma. Mesmo que esta tenha um tom áspero. Mas sempre será sincero. Quem tem esses tipos de amigos é verdadeiramente rico.

Minha vida carecia de uma explicação satisfatória. Essa situação de 'garoto perdido' era uma realidade concreta há poucos anos. Foram anos e anos vivendo de uma forma cada vez mais destoante da grande maioria. Exteriormente, na forma, eu era muito semelhante à maioria. Mas na abissal profundidade da minha alma, um processo intenso de maturação psicológica ocorria. Experiências sendo absorvidas. Erros sendo internalizados. Dores aparentemente gratuitas. Questões infindáveis sem uma explicação verdadeiramente convincente. E eu buscava as respostas. Perguntando ou observando o comportamento das pessoas tidas como referência. E avaliando se suas atitudes condiziam com seu discurso.

A família Bailey
As pessoas, os professores, os mestres, os sábios, a sociedade,...Todas as respostas pareciam ser prontas. Pré-formatadas. Uma espécie de repetição que tinha uma explicação racional e lógica até o momento em que se chegava à fronteira das causas profundas. Problemas tão fascinantes quanto fundamentais. E ignorados. Chegando nesse ponto, a resposta era substancialmente a mesma: “porque sim”, “as coisas sempre foram assim”; “isso não dá em nada”. E variações desse tipo. Infinitas e vazias. “Não é possível!”, eu exclamava. Estava diante de um universo sem sentido. E quanto mais estudava e constatava, maior a fome por conhecimento e por algo ou alguém capaz de resolver os problemas últimos. Ou ao menos esboçar algo do tipo.

Comecei a construir uma pirâmide do saber. Os filmes, os livros, as músicas, as teorias, as experiências (sociais, afetivas, laborais, etc) foram sendo filtradas. Toda enorme quantidade de conhecimento recebido começou a ser FILTRADO e RELACIONADO. E a SIMPLICIDADE emergiu como consequência.

De repente, comecei a me tornar uma pessoa mais seletiva, como todos ficamos com o passar dos anos. Mas pelo que sinto, isso se deu a uma taxa espantosa. Como se todo aquele novo ser, com aquela ânsia e potencialidades latentes estivesse apenas esperando os elementos ignitores. Entidades capazes de despertar o melhor de si.

Três ou quatro anos. Foi o tempo necessário para minha visão de mundo evolver a um patamar diverso. Infinitamente abaixo de um gênio, santo ou místico. Mas não adaptável ao mundo presente. O que era de valor pra mim não o era para a maioria. E vice-versa. Não em tudo, mas em muitas coisas. E o mundo só sabia rejeitar, mas jamais explicar o porquê de seus métodos de exclusão. E nisso eu, com minha nova visão, só me impulsionava mais à frente. Isto é, seguia minha natureza, me distanciando cada vez mais do dito normal. Mas isso, se era bom, ao mesmo tempo cortava meu contato com este mundo. E eu tinha (e tenho) necessidades nele: fome, amor, diversão, conversas, sorrisos, etc. Era necessário ser criativo e resolver essa questão.

A Salvação. Recompensa por levar uma vida reta,
combatendo o capital ganancioso, ouvindo o
coração e sempre encontrando soluções criativas.
Eis que comecei um segundo movimento. Comecei a escutar mais do que desejar falar. Compreender o exterior para enriquecer o interior. E percebi que muitas pessoas tem anseios e desejos que se assemelham aos meus. Apesar da forma de buscá-los ser diferente. Algumas chegam a revelar idéias e visões incríveis. E refinar seu tempo de ocupação, parecendo que em certos momentos que o meu mundo e o mundo das pessoas próximas possam se fundir.

Dessa forma aprendi a atuar no mundo, aproveitando o melhor dele, e ao mesmo tempo manter minha mente no infinito. A conexão estava feita.

Só falei de tudo isso porque ontem, domingo, tive a oportunidade de assistir um filme clássico no cinema. Um filme chamado “A Felicidade não se Compra”. É um VERDADEIRO MILAGRE. Porque eu já tinha visto esse filme várias vezes na telinha, mas sempre ansiei por vê-lo na tela grande. Foi uma imersão completa.

Muita gente acha filme clássico chato. Acreditam que preto e branco é algo superado. Creem que a ausência de efeitos especiais e astros do momento é pobreza. Isso foi atestado quando vi que haviam 6 pessoas na sala – eu e meu pai incluso. No entanto, lá estava diante de mim um filme que faz rir, chorar, pensar, se emocionar. E fazer o tempo flutuar. Eu e meu velho pagamos R$ 7,00. Os dois.

O tempo se arrasta para a maioria, obrigada a executar tarefas repetitivas e satisfazer os instintos.
O tempo anda para pessoas que estão relativamente bem ocupadas, em equilíbrio consigo.
O tempo flutua para quem consegue captar a magia da vida.

O “meu tempo” flutuou no domingo. Com Frank Capra (o diretor).


George Bailey num momento de dificuldade, na crise de 1929.
Como disse, já havia assistido o filme 
antes. Mas só ontem, após passar por algumas situações e conhecer o verdadeiro significado de certos ensinamentos eternos, pude captar com a máxima intensidade o significado de cada cena. Isso, para mim, é o verdadeiro milagre que a vida opera.

O personagem principal, George Bailey (James Stewart), é um jovem cheio de sonhos e honesto, que sabe (incertamente) e não sabe (temporariamente) o que quer. Mas tem boa vontade. E são suas boas intenções impulsivas que o conduzem a tomar atitudes que lhe trazem problemas (à princípio) e alegrias (depois). Sempre em ciclos mais intensos. É um homem sempre em choque com o poder e que se vê diante das piores tentações nos momentos de maior fragilidade.

A vida de George Bailey poderia ser cheia de aventuras. Mas sempre que a oportunidade de sair de seu pequeno vilarejo (Bedford Falls) aparece uma dificuldade surge, exigindo sua presença. Responsabilidade e paciência. E com essa cadeia de derrotas aparentes começa a se formar uma vida de retidão. E emoção.

No trabalho, com a firma herdada do pai, George consegue dar o exemplo, providenciando uma casa (e vida) decente para milhares de famílias de sua cidade, às custas de seu sucesso material.

Ele, num momento de quase falência junto a seus clientes, decide, por convicção numa justiça maior, mantê-los longe da aparente salvação do mercado. E sacrifica o dinheiro de sua lua-de-mel com Mary (Donna Reed), a moça que sempre e somente gostou dele, em prol de seus clientes. E ela, por amor à sua convicção, se coloca ao seu lado. Jamais se arrependendo.

Espírito vencendo a matéria; Justiça divina vencendo a (in)justiça humana; Amor profundo vencendo o interesse egoísta. E com isso os clientes viram amigos. De verdade.
Está selado o pacto com um jogo de forças positivas, que serão acionadas no momento certo.

O clímax do filme é o momento da maior prova a ser suportada por nosso personagem, verdadeiro modelo do homem moderno. Na hora de maior desespero, à beira da falência, da pobreza e do abandono (injustamente direcionados) ocorre o inesperado: a ajuda do Alto. Mas não se trata de um simples resolver de problemas, e sim de um impulso para o personagem recobrar a consciência de sua importância.

Uma visão do que seria Bedford Falls sem George Bailey leva ele (e o espectador) a perceber como a vida de um único homem pode tocar construtivamente – e salvar! – milhares de outras. E assim, via lógica e bom senso, nos convencemos de que uma vida de resistência e sacrifício e bondade vale mais do que todos os recursos materiais do universo.

Precisamos despertar nosso George Bailey latente,
Precisamos encontrar a nossa Mary,
Precisamos combater os Srs. Potters,
Precisamos despertar o interesse pelos reais valores da vida.

A verdadeira ascensão, o verdadeiro prazer, os melhores momentos, custam muito pouco.
Vi esse filme por R$ 3,50...


Cristo nos disse para nos ocuparmos das coisas de Deus (espírito) e que fazendo isso as outras coisas (materiais) nos serão dadas por acréscimo. Isso é o que uma pessoa preparada sente ao assistir A FELICIDADE NÃO SE COMPRA. E quando tudo se encaixa, a alegria é ímpar. 

Quem é bem intencionado nunca estará sozinho.
Quem faz o bem, o verdadeiro bem, sem medir esforços e desejar recompensas, será ajudado nos momentos mais sombrios.

Nada ou ninguém deste mundo pode fazer mal a uma pessoa boa.

Quem assistir esse filme passará a acreditar nessa máxima.

Assistir de verdade. Com mente, espírito e coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário